Renan diz que tensão entre Executivo e Legislativo é "natural"

Autor: Da Redação,
sábado, 01/06/2013
Renan diz que tensão entre Executivo e Legislativo é

BRASÍLIA, DF, 31 de maio (Folhapress) - Em meio à crise do PMDB com o governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse hoje que as tensões entre Executivo e Legislativo são "naturais". Ele, porém, afirmou que a relação da sigla com o Palácio do Planalto vai "muito bem".

Responsável por deixar a medida provisória que reduziu as tarifas de energia perder a validade, Renan disse que agiu para não permitir o "atropelamento" do Congresso Nacional.

"Havia muitas alternativas. Só não havia alternativa de atropelamento do Congresso Nacional. Essa, nós não poderíamos concordar porque havíamos feito um compromisso com a Casa e com o país", afirmou. "Essas coisas são superiores ao que acontece no dia a dia do Legislativo. Essas tensões são naturais", completou.

Na quarta-feira, a cúpula do PMDB se reuniu com o vice-presidente Michel Temer para atacar a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

O grupo também fez duras críticas à ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo. Também responsabilizou as duas pela operação que resultou na perda da validade da MP.

No auge da tensão, Renan chegou a desligar um telefonema de Gleisi para dar prosseguimento à sessão plenária que resultou na derrocada da medida provisória.

A presidente Dilma Rousseff entrou em campo e telefonou para Renan com o objetivo de acalmá-lo. Mesmo com o afago, a cúpula do PMDB resolveu verbalizar as críticas a Temer, presidente de honra do partido.

Os peemedebistas se irritaram com o tom adotado por Gleisi ao comentar a derrubada da MP. A ministra disse que "lamentava muito" a decisão do Congresso de engavetá-la no momento em que o Senado ainda discutia alternativas para tentar garantir a aprovação da medida. A fala foi interpretada como um enfrentamento a Renan.

confira também



Nos bastidores, os congressistas afirmam que Gleisi e Ideli, cientes de que o Senado não votaria a MP, deveriam ter agido para evitar o desgaste ao presidente do Senado interrompendo a tramitação da matéria antes mesmo dela chegar à Casa. Há ainda críticas de que falta liderança à Ideli para conduzir o grande número de partidos aliados no Congresso.

O governo estaria com dificuldades para contemplar todos e abrir o diálogo. Na Câmara, o governo conta com apoio de 420 dos 513 deputados. Dos 81 senadores, mais de 60 são da base governista.

Renan deixou de colocar a MP em votação para cumprir a promessa firmada com o Senado de não votar medidas provisórias que cheguem à Casa com menos de sete dias para a sua análise. A Câmara concluiu a análise da MP no dia em que ela chegou para ser votada pelos senadores, que teriam apenas seis dias para discuti-la.

Afago

Em um afago a Dilma, Renan disse hoje que a presidente "compreende muito bem" o funcionamento das instituições e entendeu sua decisão de deixar a medida provisória caducar.

"Eu apresentei na oportunidade caminhos para que houvesse a transferência de recursos para o pagamento das despesas que o governo está tendo com as termelétricas", afirmou. Segundo Renan, além da decisão do Palácio do Planalto de incorporar o texto da medida que vai perder a validade em outra medida provisória, havia a possibilidade de edição de outra MP.