As mudanças climáticas devem tornar os fenômenos extremos mais frequentes e intensos no Paraná nas próximas décadas, afetando os sistemas naturais e humanos. Esse momento reforça a importância dos estudos e pesquisas do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), que indicam que todas as regiões do Estado são vulneráveis a algum tipo de desastre ambiental intensificado pelas alterações nos padrões climáticos em longo prazo.
Esse tema é enfatizado neste sábado, 23 de março, em que se comemora o Dia Meteorológico Mundial. Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1950, a data tem o objetivo de destacar o trabalho desenvolvido pela meteorologia em prol do meio ambiente e da sociedade. Neste ano, o tema definido pela Organização Meteorológica Mundial é “Na Linha de Frente da Ação Climática”.
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"O Simepar emprega os melhores recursos científicos e tecnológicos disponíveis para obtenção de dados fidedignos e geração de estimativas confiáveis que subsidiam políticas públicas", afirma o diretor-presidente do Simepar, Eduardo Alvim Leite.
Eles ajudaram a embasar o recente Plano de Ação Climática do Paraná 2024-2050. Outro exemplo é o Índice de Vulnerabilidade dos Municípios, desenvolvimento pelo Simepar, que calcula o risco climático em relação às crises de estiagem e excesso hídrico, considerando alterações na magnitude, variabilidade e características do clima, sensibilidade e capacidade adaptativa de cada município e região do Estado perante os cenários futuros das mudanças climáticas, condicionado aos indicadores socioeconômicos. São aplicados modelos globais de circulação geral refinados para escalas regionais e locais que indicam o grau de exposição do município a eventos extremos.
Outra importante ferramenta desenvolvida pelo Simepar é o Inventário Estadual de Emissões de Gases de Efeito Estufa, que contém dados dos 399 municípios classificados por setor produtivo e respectivas atividades.
O coordenador de Operação do Simepar, Marco Jusevicius, destaca o papel do órgão na geração de um banco de dados e informações para formar uma série climática histórica. “A meteorologia tem o papel de fazer as medições, registrar e tratar os dados da natureza para subsidiar previsões do tempo e estudos de longo prazo sobre os efeitos das mudanças nos padrões climáticos”, complementa o meteorologista.
As condições do tempo e dos recursos hídricos do Paraná são monitoradas 24 horas por dia. As previsões do tempo, os alertas meteorológicos e os dados são disseminados para o público, governos e empresas. No setor público, são atendidos municípios, defesa civil, saúde e órgãos ambientais. No setor privado, destacam-se o agronegócio, cooperativas, indústrias, empresas de engenharia, energia, transporte, comércio, lazer e turismo.
Por meio de uma rede própria de 92 estações, sendo 50 meteorológicas, 57 hidrológicas e 15 pluviométricas, além de outras 42 unidades de clientes, o Simepar faz a medição sistemática das variáveis meteorológicas: temperatura e umidade do ar, pressão atmosférica, direção e velocidade dos ventos, radiação solar, localização e intensidade de chuvas e raios. Os dados são processados por sistemas computacionais. Além disso, há três radares meteorológicos, um sistema de detecção de descargas atmosféricas e dados de satélites meteorológicos. A série histórica sobre o clima paranaense contém dados coletados desde 1997.
O Simepar integra o programa Sinais da Natureza, instituído pelo Governo do Paraná, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest). O objetivo é desenvolver projetos de análise, monitoramento, modelagem, previsão e alerta do comportamento das variáveis meteorológicas, hidrológicas e ambientais. Também participa do ParanaClima em conjunto com a Sedest e o Instituto Água e Terra (IAT), que mapeia políticas ambientais e áreas de risco, definindo ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, seus impactos potenciais, medidas de resiliência e adaptação.
“O Dia Meteorológico Mundial nos recorda o quanto o clima influencia nossas vidas e de que forma vamos nos preparar para eventos climáticos extremos”, afirma o secretário do Desenvolvimento Sustentável, Valdemar Bernardo Jorge.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS – Sediada em Genebra, na Suíça, a Organização Meteorológica Mundial chama a atenção para a urgência da mitigação e adaptação às mudanças climáticas. “Diante de desafios ambientais sem precedentes, nosso papel como cientistas e defensores do planeta nunca foi tão crucial. Somos chamados a sermos agentes de mudança”, afirma a secretária-geral, Celeste Saulo.
A comunidade meteorológica global está engajada na iniciativa “Alertas Precoces para Todos”. A prioridade dos serviços hidrometeorológicos é aprimorar seus sistemas de alerta precoce, considerados a peça central da adaptação e da redução de riscos de desastres.
Por darem às pessoas a oportunidade de se prepararem e limitarem o impacto das condições meteorológicas extremas, os sistemas de alerta precoce ajudam a reduzir a pobreza e a fome, melhorar a saúde e o bem-estar; garantir acesso à água potável e à energia limpa; proteger a vida debaixo d´água e em terra. Desse modo, a meteorologia contribui para tornar as cidades e comunidades mais resilientes às mudanças climáticas, conforme prevê o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 13.