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Servidor que exigiu falar em debate sobre misoginia é afastado no PR

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 04/04/2025
Caso foi registrado na UEPG Caso foi registrado na UEPG

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) afastou nesta sexta-feira (04) um servidor que interrompeu na última quinta-feira (03) o 9º Colóquio Mulheres e Sociedade, promovido pelo curso de Jornalismo da instituição. A reitoria da instituição determinou a abertura de sindicância para apuração do fato.

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Durante o encerramento do painel com o tema “Misoginia e discursos de ódio no ambiente das redes”, um homem – depois identificado como servidor da própria UEPG - interrompeu o andamento do evento e insistiu em falar.

“Eu gostaria de pedir às mulheres que, por favor, deixem eu falar. Só um comentário. Não é um comentário machista. Eu preciso falar. Eu peço a consideração dessa mesa para me ouvir", disse o homem. A manifestação dele é captada no vídeo da transmissão do evento. 

Homem interrompeu “Misoginia e discursos de ódio no ambiente das redes”

A responsável pelo painel diz que o colóquio está sendo encerrado, mas ele insiste. "Eu quero deixar bem claro: não sou machista. Se vocês não deixaram eu comentar, vocês não irão saber. Vocês vão sair daqui com um julgamento errado. Eu não gostaria de sair daqui com um julgamento sem voz", disse. E acrescentou: “Se vocês não deixarem em comentar, eu vou começar a pensar diferente a partir de agora”.

Ele é informado que o bloco de três perguntas havia sido finalizado e, por conta do horário, não iria ser retomado.

A Universidade reitera que atua contra todas as formas de assédio e discriminação, mantendo ativa, desde 2019, a campanha a “UEPG está de Olho” e reforça que a comunidade tem à disposição a Ouvidoria e Canal de Escuta da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae)”, disse a UEPG na nota.

O Centro Acadêmico João do Rio (Cajor), órgão de representação dos alunos, divulgou uma nota de repúdio nas redes sociais. “Com a estarrecedora realidade onde a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, não se deve aceitar sob qualquer hipótese que, em nome da liberdade de expressão, um servidor da UEPG dispare qualquer ofensa publicamente, faltando com o decoro que o cargo requer. Lamentamos a situação e pedimos que sejam tomadas as devidas providências”, postou o Cajor.

A defesa do servidor não foi encontrada pela reportagem para comentar sobre o afastamento e também em relação à sindicância.