A greve de fome dos profissionais da educação que são contra o formato de seleção do Processo Seletivo Simplificado (PSS), no Paraná, chega ao terceiro dia e passou de 60 horas, neste sábado (21), sem negociação por parte do governo do estado, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato).
O formato de seleção do processo seletivo prevê uma prova escrita como critério de seleção, e a cobrança de inscrição. Esse modelo revoltou os profissionais, que pedem a revogação do edital. Eles fazem protestos na cidade desde terça-feira (17).Veja mais reivindicações no fim da reportagem.
Sobre a greve de fome, o sindicato informou que está monitorando as condições de saúde dos grevistas com uma unidade móvel de atendimento. A greve de fome começou na quinta (19), com 47 manifestantes, depois que os servidores desocuparam o prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Neste sábado, segundo o presidente do APP-Sindicato, 24 manifestantes permanecem sem se alimentar. Eles fazem o protesto em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual na capital.
Ainda conforme a Seed, 24 mil pessoas tinham feito a inscrição para participar do processo seletivo até este sábado. O período de inscrição termina na segunda-feira (23). O processo prevê a contratação de quatro mil professores temporários em todo o estado.
Sem acordo
Na tarde de quinta (19), uma reunião entre representantes da APP Sindicato e do Governo do Paraná terminou sem acordo. Uma nova reunião deve ocorrer nos próximos dias, segundo o governo, mas não tem data definida.
O governo estadual informou que reabriu o diálogo em respeito ao processo democrático depois da desocupação. Uma nova reunião poderá ocorrer nos próximos dias, segundo o governo.
Mesmo sem acordo, sindicalistas entenderam a abertura da mesa de negociações como um avanço na tentativa de retirar a prova do PSS.
"Da pauta central da mobilização, teve um avanço pequeno, mas a gente avalia que significativo. A gente parte de um não com o edital em curso para uma possibilidade de ter a prova retirada", afirmou Walkiria Olegário, da direção da APP Sindicato.
Por outro lado, houve uma definição no encontro. Ficou acordado que os servidores temporários da merenda e da limpeza das escolas passarão a receber o piso regional a partir de dezembro.
Eles passarão a receber R$ 1.380, em vez de R$ 1.306. A medida beneficia cerca de 9 mil trabalhadores. Haverá pagamento retroativo a janeiro.
Outras reivindicações
Conforme os sindicalistas, a contratação de professores e funcionários por meio de PSS ocorre há 15 anos no Paraná e nunca foi realizada com prova e cobrança de inscrição. O APP-Sindicato destacou que exige a revogação do edital do PSS.
Pelo formato dos anos anteriores, sem a prova, a avaliação era sobre a capacitação dos temporários, com análise de títulos e tempo de serviço.
O sindicato informou ainda que "o contrato de quase R$ 4 milhões para a realização da prova foi feito sem licitação", e que, devido à pandemia, "a prova seria um risco para a saúde de quase 100 mil pessoas que, segundo o governo, poderiam se inscrever".
O APP diz ainda que sempre defendeu a ampliação de contratações via concurso público, considerando que, todos os anos, segundo o sindicato, são cerca de 28 mil profissionais temporários contratados. O governo informou que, no momento, não há como abrir concurso.
Procurado pelo G1, o Governo do Paraná, por meio da Secretaria Estadual de Educação (Seed), disse que não vai se manifestar.
Com informações, G1