A 11ª semana epidemiológica de 2020 já se encaminhava para o fim quando, em uma quinta-feira, 12 de março, os primeiros seis casos de Covid-19 foram confirmados no Paraná. Cinco moradores de Curitiba e uma de Cianorte (Noroeste), todos vindos de viagens internacionais, tiveram o diagnóstico positivo para o novo coronavírus. Desde o início do mês, a Secretaria de Estado da Saúde já monitorava casos suspeitos no Paraná.
A partir dali o próprio termo “semana epidemiológica” passou a fazer parte no vocabulário popular com mais frequência, assim como muitas outras palavras e nomenclaturas. Até aquele momento, havia 60 casos no Brasil, e o vírus identificado no finalzinho de 2019 na China já se espalhava por 116 países. Foi exatamente no dia anterior, 11 de março, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou a classificação da doença e declarou a pandemia de Covid-19.
O radar no Paraná, porém, já estava ligado desde janeiro. Mesmo antes de o primeiro caso ser confirmado no País, o que ocorreria em fevereiro, a Secretaria da Saúde publicou uma Nota Informativa com orientações e cuidados a serem tomados. Alguns deles prevalecem até hoje, como a higienização das mãos e a etiqueta respiratória de cobrir o rosto ao tossir ou espirrar. Até o nome do vírus era outro naquele início de ano: então chamado 2019-nCoV, ele seria batizado pela OMS como SARS-CoV-2 somente em 11 de fevereiro.
Nessa época o Paraná ainda passava por uma grande epidemia de dengue, dobrando os seus desafios. Essa é a primeira parte de um especial que aborda os diversos aspectos desse um ano de pandemia.
ESTRUTURA – Ao longo deste um ano desde as primeiras confirmações, o Governo do Estado adotou uma série de medidas para minimizar os impactos da pandemia, tanto na área da saúde como na economia. Também estruturou uma rede hospitalar em tempo recorde, que incluiu a antecipação das obras de três hospitais regionais – em Guarapuava (Centro), Telêmaco Borba (Campos Gerais) e Ivaiporã (Vale do Ivaí) – e a implantação, até o momento, de 3.885 leitos exclusivos para atender pacientes com Covid-19 em todas as regiões.
O número de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ativadas no período foi maior do que o criado nos os últimos 30 anos no Estado. Atualmente, são 1.528 UTIs para os pacientes que evoluíram para os casos mais graves da doença, além das 1.088 voltadas para as outras enfermidades. O número de pessoas internadas nos leitos exclusivos para a Covid-19 passou de 57 mil no período.
“A ideia sempre foi garantir um atendimento de qualidade em todo o Paraná, para que as pessoas não precisassem fazer grandes deslocamentos”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Desde então estamos em guerra contra a Covid-19, buscando minimizar os impactos dessa crise que não é apenas sanitária, mas também econômica”.
PRIMEIRAS MEDIDAS – O Paraná fecharia março de 2020 com 251 casos confirmados e os primeiros três óbitos pela doença. Também encerraria aquele primeiro mês pandêmico com uma série de medidas já adotadas para evitar a disseminação do vírus e o colapso do sistema de saúde.
Os primeiros anúncios, no dia 16 de março, incluíam a suspensão de eventos públicos, do funcionamento de espaços culturais e de aulas presenciais, instituía o regime de trabalho remoto na administração estadual, entre outras providências. Já no dia seguinte, os parques, museus, biblioteca e uma série de órgãos e serviços deixariam de receber o público.
Na sequência, o Estado determinou quais atividades e serviços essenciais poderiam funcionar durante pandemia, iniciou a contratação de bolsistas para atuarem na saúde, anunciou a distribuição de alimentos da merenda escolar a alunos carentes da rede estadual e medidas econômicas para preservar empregos e auxiliar setores impactados. Também naquele mês, iniciou a ampliação da estrutura hospitalar para atender pacientes com o novo coronavírus.
EVOLUÇÃO – O próprio comportamento da pandemia mudou ao longo de um ano, com picos e quedas, e deixou no seu rastro 728.333 pessoas infectadas e 12.711 mortos pela doença até o momento. A primeira curva crescente durou de março até meados de agosto, quando os óbitos e contaminações começaram então a diminuir.
De acordo com o sistema Notifica Covid-19, abastecido pela Secretaria da Saúde com dados dos municípios, a semana epidemiológica 32 (2 a 8 de agosto) apresentou o pico de óbitos e diagnósticos naquele período, com 16.288 casos e 415 óbitos em sete dias, superando o ápice de 15.806 casos da semana 30 (19 a 25 de julho) e as 373 mortes da semana 31 (26 de julho a 1o de agosto), os maiores índices até então.
O Paraná experimentou um período de cerca de dois meses com redução semanal de casos e óbitos, que durou até outubro. A semana epidemiológica 42 foi a que apresentou as taxas mais baixas desde junho, com 6.321 diagnósticos entre 11 e 17 de outubro. O menor número de mortes semanais, considerando esse intervalo, ocorreu duas semanas depois, com 154 falecimentos entre 25 e 31 de outubro.
Mas os diagnósticos voltaram a subir e, em novembro, chegaram ao patamar registrado em agosto. Na semana epidemiológica 46, os casos já superavam os do primeiro pico, com 19.385 contaminações entre 8 a 14 de novembro. A taxa de óbitos, porém, permanecia mais baixa do que três meses antes e chegava a 184 mortes naquela semana.
Dezembro passou então a ser o período mais crítico do ano passado. O maior pico da doença até agora ocorreu na semana epidemiológica 50, com 36.474 diagnósticos confirmados entre 6 e 12 de dezembro. A semana com o maior número de mortos em 2020 foi a seguinte, com 501 falecimentos do dia 12 ao dia 19 de dezembro.
SITUAÇÃO ATUAL – Mas são os números registrados nas últimas semanas os mais preocupantes até agora. A 9a semana epidemiológica de 2021, encerrada no último sábado (6), foi a que mais pessoas morreram desde o início da pandemia, com 551 falecimentos. Ao que tudo indica, deverá ser superada pela atual. Na terça-feira (9), foi registrado recorde de mortes diárias no Paraná, 212 óbitos.
Com isso, novas medidas restritivas foram adotadas – nesta quarta-feira (10) passa a valer um novo decreto que busca equilibrar a restrição sanitária com as atividades econômicas. E mesmo com as dificuldades impostas por este um ano de enfrentamento, o Estado mantém a ampliação de leitos exclusivos para a Covid-19.
Além disso, o avanço da vacinação traz esperanças de que a pandemia pode ser superada. Na manhã de 18 de janeiro, o Paraná recebeu o primeiro lote de vacinas do Ministério da Saúde, com 265.600 doses da Coronavac, produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Naquele mesmo dia, os primeiros profissionais de saúde eram vacinados no Estado. No seguinte, os imunizantes já chegavam às Regionais de Saúde, enviados com as aeronaves do Estado.
Na última atualização, já tinham sido vacinados 413.611 paranaenses, com a aplicação de 545.966 vacinas entre a primeira e a segunda dose, mais da metade das mais de 1 milhão de doses recebidas pelo Estado.