O julgamento dos acusados de envolvimento na morte de Eduarda Shigematsu em Rolândia, no norte do Paraná, que estava marcado para quinta-feira (26), foi novamente adiado. Ainda não há nova data para realização.
Eduarda, de 11 anos, foi encontrada morta, enterrada no fundo de uma casa que pertence ao pai dela, em abril de 2019.
O pai da vítima é Ricardo Seidi, que está preso desde o crime. Em depoimentos prestados à Justiça, ele confessou que ocultou o corpo da filha, mas negou que tenha assassinado a criança. Disse que encontrou a filha morta em um quarto da casa e que o desespero o levou a enterrar o corpo.
Adiamento
De acordo com o juiz Alberto José Ludovico, o motivo do adiamento do júri foi o pedido de reconstituição dos fatos requerido pela defesa de Ricardo Seidi.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) e a assistência de acusação foram contra o pedido, alegando que se passou muito tempo desde o crime e que o palco dos acontecimentos sofreu alterações.
Afirmaram ainda que, em vez de esclarecer a verdade, a reconstituição poderá trazer contradições fantasiosas aos fatos e que a medida traria gastos aos cofres do estado. Porém, a Justiça decidiu atender ao pedido, para garantir a plenitude da defesa.
No despacho, o juiz disse que não cabe a ele impedir a reconstituição a pretexto de que a cena do crime não está preservada. Além disso, determinou que a medida se limitará a esclarecer dúvidas técnicas, sob análise de um perito criminal.
Os advogados de Ricardo Seidi defendem que a reconstituição pode esclarecer se a morte foi provocada por suicídio ou mesmo se outra pessoa pode ter entrado na casa onde ela foi morta.
"Não foram analisadas as questões técnicas referentes a versão do acusado, somente a versão da acusação. Então, a versão que ele apresentou não foi investigada, não foi produzido nenhum tipo de prova para saber era possível que tivesse acontecido da forma como ele relatou ou não", disse o advogado Douglas Rocha.
O pai de Eduarda será julgado pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e falsidade ideológica.
A avó paterna de Eduarda, Terezinha de Jesus Guinaia, chegou a ficar presa por quase dois meses, recebeu autorização da Justiça e atualmente responde em liberdade. Ela é processada por ocultação de cadáver e falsidade ideológica.
A defesa de Terezinha também apresentou quesitos para serem analisados na reconstituição do crime. Entre eles, está a simulação dos passos da ré no dia da morte da neta.
O advogado Hugo Esteves, que representa a mãe de Eduarda, disse que não vai recorrer da decisão da Justiça para não prolongar ainda mais o processo, mas que discorda da reconstituição.
"É um sofrimento a mais para a família, para a mãe da Eduarda, para a sociedade de Rolândia, porque demonstra-se assim que a Justiça tarda".
A defesa de Terezinha de Jesus Guinaia nega a participação dela no crime.