Quatro mulheres de Apucarana, Arapongas, Faxinal e Jacarezinho foram presas nesta quarta-feira (16) durante operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), núcleo de Londrina. Os mandados de prisão foram expedidos dentro das investigações iniciadas há dois meses para apurar a infiltração de maconha, fumo e celulares na Casa de Custódia e na Penitenciária Estadual de Londrina.
Além das mulheres, outros seis envolvidos já estavam presos, sendo um agente penitenciário temporário, que facilitava o esquema nas unidades prisionais e cinco detentos. Todos vão responder por associação para o tráfico, tráfico de entorpecentes, corrupção ativa, corrupção passiva e ingresso de aparelhos celulares tanto na Casa de Custódia quando na Penitenciária Estadual de Londrina.
As mulheres eram parentes ou companheiras de detentos investigados. Dos 10 mandados de prisão preventiva, apenas um deles não havia sido cumprido logo nas primeiras horas da manhã. A mulher moradora de Faxinal havia conseguido fugir. Mas acabou presa no meio da tarde, na cidade de Rio do Oeste, em Santa Catarina, segundo informou o delegado do Gaeco, Ricardo Jorge Rocha Pereira Filho.
A mulher presa em Santa Catarina e a de Apucarana eram responsáveis por disponibilizar suas contas bancárias para pagar e receber os valores movimentados no esquema. A mulher presa em Arapongas seria a responsável por levar as drogas que seriam introduzidas nas unidades prisionais e, por fim, a mulher presa em Jacarezinho, fornecia celulares e outros produtos destinados a abastecer o esquema com os detentos.
A ação do Gaeco, com os 10 mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão – nos endereços das mulheres investigadas - contou com apoio do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen) e da Polícia Militar. O Depen também cumpriu os mandados de busca e apreensão nas unidades prisionais onde ocorriam as investigações.
O alvo principal da operação, denominada Infiltrado, era um agente prisional temporário lotado na Casa de Custódia de Londrina na época dos crimes investigados. Ele já estava preso. Os detentos alvos da operação têm antecedentes criminais por homicídio, latrocínio, roubo, furto qualificado, motim e tráfico de drogas, entre outros. E agora, vão responder pelos novos crimes.
Propinas
As investigações tiveram início com a apreensão de aparelhos celulares, maconha e fumo pela Direção da Casa de Custódia de Londrina durante revistas de rotina, que deram indícios de que teriam sido inseridos ilegalmente a partir da corrupção de servidor público. O Depen acionou então o Gaeco e colaborou com as investigações.
No curso das apurações, foi confirmado que o agente prisional investigado associou-se com detentos e familiares, pelo menos desde setembro do ano passado, para, mediante recebimento de propina, introduzir na carceragem da CCL aparelhos celulares, drogas e fumo, comercializados pela associação criminosa dentro da cadeia pública.
Uma das mulheres presas seria responsável por entregar a droga para o agente prisional, enquanto as outras três seriam responsáveis por negociar com o agente público, receber os valores das vendas dos produtos ilícitos e fazer o pagamento da propina.
Conforme verificado pelo Gaeco, o servidor receberia aproximadamente R$ 1 mil para cada 100 gramas de maconha introduzidos pela carceragem. Para fornecer um aparelho celular aos detentos, o agente cobraria R$ 4 mil. A propina para cada pacote de fumo inserido na cadeia seria de aproximadamente R$ 300.
Em dezembro do ano passado, o agente prisional investigado foi preso em flagrante pelo Gaeco por porte ilegal de arma de fogo. Em busca domiciliar na sua residência foram localizados documentos falsos, cédulas falsificadas de R$ 20 e munições ilegais, entre outros elementos probatórios.