O transporte coletivo é tido como um dos maiores disseminadores de contágio do novo coronavírus, principalmente em Curitiba e Região Metropolitana. Para encontrar soluções para o problema, os deputados membros da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná debateram nesta quarta-feira (19) medidas para enfrentar a transmissão do vírus dentro dos ônibus. Entre as ações estão a diminuição do número de passageiros e a sanitização dos veículos, além do estímulo a outros modais de transporte, como a bicicleta.
O encontro realizado de modo remoto e comandado pelo coordenador da Frente, deputado Michele Caputo (PSDB), reuniu, além dos parlamentares membros, o presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), prefeito de Fazenda Rio Grande Marcio Wozniack (PSDB), o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto, e o representante da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), William Corrêa.
O presidente da Urbs lembrou as ações do órgão para conter o vírus no transporte coletivo. Segundo dele, desde o início da pandemia, o número de passageiros foi reduzido em 50%, os terminais foram demarcados para estimular o distanciamento, iniciou-se o processo de sanitização de veículos, terminais e estações tubo, além de criação de protocolos de isolamento de motoristas e cobradores dentro dos veículos. De acordo com Maia Neto, as medidas surtiram efeitos entre os trabalhadores do transporte coletivo. Desde o início da pandemia, foram registrados 78 casos de contágio e um óbito. Mais de oito mil pessoas trabalham no sistema.
Um projeto desenvolvido desde o registro dos primeiros casos também auxiliou. Criado pelo voluntário André Rebonatto, a iniciativa investiu na biossegurança dos veículos a partir da higienização constante, buscando a proteção no transporte coletivo. Segundo Rebonatto, o projeto implantado com o apoio do Exército permitiu a realização da sanitização dos veículos dentro dos terminais, após o desembarque de passageiros. Antes, isso era feito apenas uma vez ao dia, nas garagens. “A higienização é realizada várias vezes, nos mesmos modelos realizados dentro das UTIs”, explicou. Ele disse ainda que pretende ampliar a ideia para a sanitização de táxis, vans e carros de aplicativos.
O presidente da Assomec, prefeito Marcio Wozniack, informou que os prefeitos da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) estão se reunindo para editar decretos conjuntos para combater o contágio no sistema de transporte. “A união entre os municípios garantiu um maior controle da pandemia”, disse. De acordo com o diretor de Transportes da Comec, William Corrêa, o sistema perdeu quase 70% de usuários no início da pandemia. Segundo ele, no entanto, é dentro dos ônibus que as pessoas se cuidam mais. “Existe muita precaução. Ninguém entra sem máscara”, exemplificou.
O deputado Goura (PDT) lembrou a importância de adotar alternativas ao modelo do ônibus, como é o caso da bicicleta. “Estamos em um paradoxo. Sempre estimulamos o uso do transporte coletivo, mas durante a pandemia a bicicleta é um mecanismo de deslocamento que não causa aglomeração”, comentou. Ele afirmou ainda que há a necessidade de ações mais efetivas, como a criação de áreas e ciclovias temporárias.
O presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto, destacou as ações que estão sendo feitas pela Prefeitura de Curitiba em relação às ciclovias. “Vamos agora no trecho da Praça do Japão até o Pinheirinho estender a ciclovia. Na frente da rodoviária pedimos uma ciclovia de mão dupla, pegando desde a avenida Sete de Setembro até o sinaleiro da via férrea”, relatou. “A Setran tem feito nesta região central, no entorno do mercado e rodoviária, ciclovias temporárias. É uma boa ideia e a gente pode evitar que as pessoas andem nas canaletas dos ônibus, fazendo alternativas de ciclovias temporárias”.
O deputado Caputo ressaltou o trabalho da Frente Parlamentar e da Assembleia Legislativa no enfrentamento ao coronavírus no Paraná. "Debatemos sobre todas as perspectivas em relação ao enfrentamento da pandemia, seja sanitária, econômica ou social. Dessas discussões surgem importantes propostas e encaminhamentos, que se materializam em projetos de lei, requerimentos, decretos legislativos, ou sugestões aos três Poderes do Estado", destacou Michele Caputo.
Nefrologia – A reunião desta quarta-feira contou ainda com a participação da presidente da Sociedade Paranaense de Nefrologia, Ana Paula Emrich, que tratou das demandas do setor de atendimento das doenças renais. Ela falou de propostas para apoiar as clínicas que oferecem hemodiálises e que estão enfrentando dificuldades para atender pacientes durante a pandemia. “Este é um tratamento de alta complexidade e custo, que desde 2007 não passa por reajustes nos valores pagos para o tratamento. Enquanto isso, os custos vêm crescendo”, explicou. Ela lembrou ainda que a pandemia teve impacto grande no setor, como a necessidade de readequação de salas de hemodiálise e o aumento no consumo de equipamentos de proteção individual.