Uma carga de 52 toneladas de farinha de trigo, que seria comercializada e consumida no Brasil, foi apreendida na tarde desta quinta-feira (4) em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Uma grande quantidade de insetos, urina e dejetos de ratos estavam misturados com o alimento. A interceptação do produto aconteceu durante uma fiscalização de rotina no Porto Seco Multilog.
A farinho de trigo, que seria usada para consumo humano, era originária da Argentina. Além do "tempero", a carga apresentava outras irregularidades, como umidade. Esse aspecto já torna o alimento impróprio para o consumo. Conforme informações, a mercadoria estava armazenada em duas carretas e equivale a cerca de 10,4 mil pacotes de 5 quilos - como os pacotes são vendidos nos supermercados, por exemplo.
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Os insetos encontrados na farinha serão enviados a um laboratório, para identificação da espécie. "Se for constatado risco para a agricultura brasileira, a carga é imediatamente devolvida ao país de origem. Esta mercadoria apreendida hoje [quinta] será devolvida à Argentina e o exportador poderá optar pela sua destruição", explica o Auditor Fiscal Federal Agropecuário (Affa), Marcelo Tursi, que atua nos postos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), na região da fronteira.
Prejuízos à saúde
Os prejuízos à saúde da população causados por essa farinha de trigo contaminada seriam gigantescos. De acordo com a Delegacia Sindical dos Affas no Paraná, a quantidade apreendida seria suficiente para fabricar um milhão de pães do tipo francês, já que cada um contém, em média, 50 gramas de trigo. "Se cada pessoa ingerisse um pão feito com o produto irregular, poder-se-ia chegar ao trágico número de um milhão de doentes por conta desse problema", informa Tursi.
Ainda de acordo com Tursi, esse tipo de vistoria é feita em 100% das cargas importadas e exportadas que entram com produtos agropecuários no pátio do porto todos os dias. "A fiscalização inclui coleta de amostras dos produtos e encaminhamento ao laboratório, além de ser feita análise física e verificada a carga de forma geral e criteriosa", explica. "Toda semana tem apreensão de cargas de baixa qualidade aqui no porto, por diversos motivos, principalmente insetos. Mas, este caso foi mais grave", afirma.
O auditor ressalta ainda que excrementos de rato podem causar doenças graves como a leptospirose, que pode levar uma pessoa à internação hospitalar, sem contar que idosos e crianças são mais suscetíveis a reações graves da doença. O paciente pode apresentar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, e pode até levar um indivíduo à morte.