Exportações do PR crescem 12% em 2022, mas balança ainda é negativa

Autor: Da Redação,
sábado, 18/06/2022
A soja é o principal item vendido para fora do país pelo Paraná, com US$ 2,474 bilhões negociados

As exportações do Paraná fecharam o mês de maio com US$ 1,9 bilhão negociados. Já as importações foram maiores, somaram US$ 2,258 bilhões. Assim, o saldo da balança comercial do estado em maio ficou negativo em US$ 320 milhões. Já a corrente de comércio, indicador que é a soma das importações e das exportações, e que avalia o dinamismo da atividade de comércio exterior do estado, ficou em US$ 4,196 bilhões. Os dados são divulgados mensalmente pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.

Na comparação com o resultado de abril, as exportações registram queda de 1,1% e, as importações, alta de 28,3%. A corrente de comércio cresceu 12,8% na comparação com o mês anterior. Já quando avaliado o resultado com maio de 2021, as exportações paranaenses tiveram redução de 3,9%, somando US$ 2,016 bilhões contra US$ 1,9 bilhão agora.

Por outro lado, as importações cresceram 46% na mesma avaliação. Saíram de US$ 1,546 bilhão em maio de 2021, para US$ 2,258 bilhões agora. E justamente pelas importações superarem as exportações em maio desse ano, o saldo ficou negativo em US$ 320 milhões. Em maio de 2021 o saldo era de US$ 469,5 milhões.

O dinamismo da atividade ficou positivo, ou seja, a corrente de comércio agora está 17,8% acima da verificada no mesmo mês do ano passado.

Em 2022, as exportações do Paraná já chegam a US$ 8,428 bilhões. As importações somam US$ 8,710 bilhões. E a balança comercial do estado tem déficit de US$ 281,4 milhões. Já a corrente de comércio no acumulado do ano é de US$ 17,138 bilhões.

Comparando os resultados de agora com os registrados no mesmo período de 2021 (US$ 7,522 bilhões), verifica-se que as vendas do estado para fora aumentaram 12%. A compra de produtos de fora também está em alta de 34,2%, entre janeiro e maio deste ano. No mesmo intervalo do ano passado, as importações somavam US$ 6,490 bilhões.

O saldo da balança acumulado até maio do ano passado era de US$ 1,032 bilhão. E a corrente de comércio agora está 22,3% acima da registrada no mesmo intervalo de 2021, que era de US$ 14 bilhões.

Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, o resultado do ano é uma combinação de fatores. Segundo ele, o aumento generalizado nos preços de produtos no mercado internacional repercute tanto nas mercadorias que o Paraná importa quanto no que exporta.

“Com a retomada da economia, muitos insumos e matérias-primas utilizados na indústria tiveram aumento de preço no mercado internacional. Isso ocorre em função de uma demanda maior de procura e por uma oferta menor desses itens”, explica o economista. “Em 2022, essa pressão sobre os custos de produção se manteve, mas o conflito geopolítico no leste europeu acentuou a crise mundial, desencadeando aumento generalizado no preço do petróleo e das commodities”, complementa.

Essa relação tem ponto positivo e negativo, conta Felippe. Como o Paraná é um grande exportador de commodities, o preço do produto vendido pelo estado lá fora fica mais valorizado. Porém, os custos da produção agrícola estão mais altos porque os dois países em guerra são importantes fornecedores de produtos químicos (fertilizantes) utilizados na lavoura. A menor oferta deles no mercado mundial provoca elevação nos preços.

Outro fator que influencia a atividade de comércio internacional é a taxa de câmbio. Comparando seu valor médio de janeiro a maio desse ano, em relação ao mesmo período do ano passado, ela está em uma trajetória de apreciação do real frente ao dólar em torno de 6,8%. Este ano, está cotada a R$ 5,08244 contra 5,4544, valor médio até maio de 2021. “Mesmo com uma taxa de câmbio mais apreciada, o que desestimula as exportações, a elevação nos preços das mercadorias vendidas pelo estado tem compensado essa valorização da moeda brasileira frente ao dólar. A redução da taxa média este ano pode explicar o aumento nas importações paranaenses em relação ao mesmo período do ano passado”.

Felippe explica ainda que o dólar mais barato favorece as compras no mercado internacional. Para não se deparar com escassez de matérias-primas, como já ocorreu em 2021, inclusive com elevação de preços, o empresário tente a importar mais insumos para garantir uma reserva. O câmbio mais barato também atenua a pressão de custos que tem impactado o setor produtivo, que pode ter um produto com valores mais competitivos no mercado, resume o economista.

PRODUTOS

O aumento de 12% nas exportações pode ser comprovado pelo crescimento nas vendas de carnes, material de transporte, produtos mecânicos e madeira, mesmo com uma redução nos valores exportados. A soja é o principal item vendido para fora do país pelo Paraná, com US$ 2,474 bilhões negociados. Em seguida vêm carnes (US$ 1,561 bilhão), madeira (US$ 856 milhões) e material de transporte (US$ 645 milhões). Juntos, estes quatro itens representam 65% da pauta de exportações do Paraná.

Entre as importações, produtos químicos lideram o ranking, com US$ 3,404 bilhões. Na sequência aparecem petróleo (US$ 944,8 milhões), eletroeletrônicos (US$ 859,5 milhões), material de transporte (US$ 825,1 milhões) e produtos mecânicos (US$ 808,2 milhões).

Felippe complementa que além do aumento nos custos de insumos e matérias-primas utilizados na produção das indústrias, a atividade de comércio exterior é impactada pelo aumento da inflação em nível mundial, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Outro fator é a política de combate à covid-19 na China, que tem provocado interrupção total e parcial na produção de insumos por lá.

“Essa condição local pode atrasar processos e inviabilizar a compra de componentes no país, gerando escassez e maior demora na entrega de produtos pelos fornecedores”, avisa. “A previsão de crescimento menor da economia mundial este ano, somada à maior inflação global, tende a reduzir o dinamismo da atividade de comércio internacional, afetando também as vendas para fora aqui no Paraná. O segundo semestre deve ser ainda mais desafiador para as exportações do estado”, conclui Felippe.

Agência Fiep