Estiagem provoca perdas de R$ 16 bilhões no Paraná

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 17/02/2022
Estiagem provoca perdas de R$ 16 bilhões no Paraná

De acordo com pesquisa feita pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR), somente no Paraná, os impactos da estiagem nesta safra 2021/2022 têm uma perspectiva de perdas na ordem de mais de R$ 16 bilhões.

Entre os diversos estados afetados, a agricultura paranaense projetava uma safra com 21 milhões de toneladas e, atualmente, essa projeção indica algo próximo a 8 milhões de toneladas. No milho, por exemplo, o Paraná espera produzir 4,2 milhões de toneladas. Os dados mais recentes indicam que houve uma quebra de 42% e uma redução de produtividade para pouco mais de 2,4 milhões de toneladas. 

Na região de Apucarana, por exemplo, que abrange 13 municípios - Apucarana, Arapongas, Bom Sucesso, Califórnia, Cambira, Jandaia do Sul, Kaloré, Marilândia do Sul, Marumbi, Mauá da Serra, Novo Itacolomi, Sabáudia e Rio Bom, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) promoveu vistorias no início deste mês de fevereiro de 2022. “Foram visitadas as propriedades para avaliar as perdas nas lavouras nas culturas de soja e milho. As perdas maiores são na cultura do milho – acredita-se que somam em torno de até 70%, principalmente no município de Kaloré; demais municípios, em torno de 10 a 20%. Na cultura da soja, o prognóstico gira em torno de 10 a 30% de perdas, principalmente no município de Sabáudia”, comenta o gerente regional do IDR-Paraná e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Romeu Suzuki. 

“Em Kaloré, onde ocorreu um índice maior de perda, os agricultores acionaram o PROAGRO – Programa de Garantia da Atividade Agropecuária -, junto às instituições financeiras”, acrescentou Suzuki.  No total, há 6.510 propriedades na região de Apucarana que desenvolvem agricultura familiar e 1254 de agricultura patronal, de acordo com dados do IDR-Paraná. 

Nesse sentido, diante do cenário de prejuízos e com o objetivo de ajudar agricultores, a CONFAEAB (Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil), listou algumas sugestões que podem ser aplicadas para a tentativa de reversão do contexto. Dentre os itens, estão temáticas como liberação de crédito emergencial para mitigação de danos para produtores impactados pela seca; incentivos para linhas de crédito em condições acessíveis visando aquisição de sistemas de irrigação (a exemplo de todas as operações de crédito rural, mediante acompanhamento técnico no projeto, execução e manejo posterior das áreas); aumento na velocidade com que o pagamento do seguro rural seja aprovado; implantação de políticas agrícolas para o manejo de solos e que minimizem os impactos das estiagens; redução dos prazos de análise de recursos pela CER (Comissão Especial de Recursos) e revisão dos valores de honorários pagos aos encarregados de comprovação de perdas do PROAGRO - que estão há 3 anos sem reposição de honorários, por exemplo. 

No total, são 31 tópicos sugeridos, que estão expostos em um manifesto redigido pela CONFAEAB. O engenheiro agrônomo Clodomir Luiz Ascari, vice-presidente do Crea-PR e presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (FEAPR), comenta que "a iniciativa de fazer esse documento é de contribuir com esse momento difícil que os agricultores estão passando. Para contemplar os três estados do sul do País e Mato Grosso do Sul, com representatividade de 40 mil engenheiros agrônomos, procuramos pegar informações que atendam as mais diversas situações, do pequeno, médio e grande produtor, cada um com sua particularidade. O produtor de arroz, soja, milho, feijão e trigo, por exemplo. Contemplar tudo e a todos”, pontuou. 

A divulgação tem se estendido pelos meios de comunicação, sindicatos, chegando até mesmo ao Ministério da Agricultura. "Desta forma entendemos que compartilhamos a nossa contribuição, destacando que além dos agricultores, a estiagem afetou também todos os outros segmentos como o comércio, serviços, entre outros. Estamos falando de uma perda média de 40 a 50% da safra, ou seja, um valor bem significativo que não vai circular na economia. Além disso, somos sabedores das dificuldades do produtor que carrega um custo fixo alto para a manutenção da sua propriedade", concluiu Ascari.

Fonte: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR).