Historicamente, os homens são mais negligentes com a saúde que as mulheres. A pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que os homens ficassem ainda mais distantes dos consultórios médicos. A necessidade de isolamento social, no entanto, não é desculpa para deixar de cuidar da saúde.
É o que diz o médico especialista em oncologia e membro titular pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Evanius Wiermann, em entrevista ao programa Assembleia Entrevista, da TV Assembleia. O bate papo lembra que está em vigor o Agosto Azul, mês criado através de uma proposta apresentada pela deputada Cantora Mara Lima (PSC) na Assembleia Legislativa do Paraná e que é dedicado aos cuidados com a saúde masculina.
As atividades da campanha Agosto Azul acontecem há nove anos e são executadas pelo Governo do Paraná, além de serem adotadas por diversas instituições não governamentais (ONGs). O Agosto Azul foi criado pela Lei 17.099/2012, que instituiu no Estado do Paraná o mês de agosto como sendo dedicado à realização de ações para incentivar a prevenção e a promoção da saúde do homem. O objetivo da legislação é motivar uma mudança cultural para que homens procurem atendimento médico e verifiquem sua condição de saúde com mais frequência, antes que doenças se manifestem de forma mais grave.
De acordo com o médico, a Covid-19 fez com que diminuísse o cuidado por parte dos homens. “O reflexo da pandemia na saúde é que muitas ações preventivas, como consultas eletivas, foram perdidas neste período. Estas consultas foram negligenciadas em razão do isolamento social. Só este ano, teremos menos 50 mil diagnósticos de câncer como um todo. Porém, teremos uma concentração no próximo. Estamos transferindo uma pandemia viral para uma pandemia oncológica no ano seguinte”, acredita.
Por isso, diz Wiermann, campanhas como a do Agosto Azul são tão importantes. “O Agosto Azul tem justamente essa intenção, que é lembrar da prevenção sempre. Este mês é eficaz nesse cenário, mas a verdade é que o homem tem que se cuidar mais”, diz. “Além de exames habituais, é essencial que este homem faça rastreamento do câncer de próstata, de cólon e de pele. Também é preciso observar a diabetes, alterações de colesterol e problemas cardiológicos”, emenda.
O médico lembra que não só a saúde física deve ser lembrada neste momento. “A saúde mental também não pode ser esquecida. Imagina o estresse de uma pessoa que teve seu salário reduzido ou que não pode trabalhar localmente. Também existe a questão do desemprego, que acaba refletindo na saúde. Isso acaba exaurindo as pessoas”, comenta.
Ele diz que, neste cenário, os cuidados com a saúde são importantes. “Notamos o aumento da mortalidade domiciliar. O medo exacerbado da pandemia torna as pessoas menos aderentes aos seus deveres médicos”, explica. O especialista lembra, contudo, que os hospitais e clínicas estão preparados para receber pacientes, cumprindo todos os protocolos de segurança.