Condenado a 14 anos e 3 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato da esposa, Jair Aparecido Metta, de 71 anos, aguarda em liberdade recursos impetrados pela defesa no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), quase dez anos após o crime. O assassinato ocorreu em 7 de janeiro de 2014 e gerou grande repercussão na cidade.
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A demora em um desfecho chama atenção para os casos de feminicídio no Brasil. No Paraná, a Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa lançou a campanha estadual "Paraná Unido no Combate ao Feminicídio". A iniciativa prevê mobilização nas ruas, caminhadas, fóruns de debates e uma campanha publicitária de conscientização contra qualquer forma de violência contra as mulheres.
Irene Andriazzi Metta, de 62 anos, foi morta asfixiada dentro de casa. O marido dela, Jair Aparecido Metta, foi acusado pelo Ministério Público (MP), após inquérito policial, como autor do crime. Ele fugiu até o Paraguai após a morte e se apresentou à Polícia Civil três dias depois na companhia do seu advogado na época, o apucaranense João Batista Cardoso.
Durante o julgamento, no ano passado, ele confessou a autoria do assassinato. No entanto, agora ele quer apresentar outra versão no caso de novo júri, alegando inocência. O advogado Cleverson Antonio Cremonez, que assumiu a defesa de Metta após o júri em substituição a João Batista, apresentou recurso na 1ª Vara Criminal do TJ-PR questionando supostos erros processuais.
Na interpelação criminal, o defensor pediu a anulação do julgamento realizado em plenário argumentando que a decisão condenatória teria sido proferida “em absoluta contrariedade à prova dos autos”. De forma alternativa, pediu a desqualificação de motivo torpe. Os desembargadores rejeitaram os pedidos em abril de 2023.
Na sequência, a defesa de Metta protocolou embargos de declaração apontando “pontos controvertidos” na decisão do TJ-PR, que devem ser julgados em breve na própria 1ª Vara Criminal do TJ-PR. Segundo o advogado Cleverson Antonio Cremonez, que tem escritório em Primeiro de Maio, o voto do relator teria utilizado informações do inquérito, as quais não teriam sido apresentadas aos jurados. Ele também afirma que, em caso de não atendimento do pedido na segunda instância, deve seguir com recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).
O advogado afirma que o seu cliente nega autoria do crime. Segundo ele, a confissão ocorreu durante o júri por conta de uma “estratégia processual” da antiga defesa. “O meu cliente alega que não é o autor do crime e aponta outra pessoa como responsável pela morte”, sustenta o advogado.
O CRIME
O assassinato ocorreu em uma residência na Rua Osório Ribas de Paula, no centro de Apucarana. O corpo de Irene foi encontrado pela filha, que acionou a Polícia Militar. Segundo a acusação, o autor do crime utilizou dois cadarços, aparentemente sendo de tênis, para asfixiar a vítima.
A mulher estava de costas quando foi enforcada, o que dificultou a sua defesa, segundo o MP-PR. Na época do crime, o casal estava em processo de separação após mais de 40 anos de relacionamento. O acusado argumentou que vinha sendo traído e, em declaração à polícia na época, que agiu em legítima defesa.
Três dias depois do assassinato, Jair Metta se apresentou à Polícia Civil com o advogado e foi preso. Ele conseguiu deixar a prisão após um habeas corpus e outros recursos. Desde então, vem recorrendo em liberdade. Agora, que mudar a versão e pede novo júri.