O ex-prefeito de Guarapuava por duas gestões e ex-deputado estadual Cesar Silvestri Filho (PSDB), percorre o Paraná para consolidar sua pré-candidatura ao governo do Estado. E leva consigo o primeiro e maior desafio, que é o de quebrar a cultura de eleições polarizadas, que vem se consolidando nos últimos anos.
“Essa polarização faz as pessoas se acomodarem em suas visões ideológicas, e de repente passam a achar normal ter que aceitar ou escolher aquele que representar o menos ruim dos dois lados, o menos pior”, explica.
Para ele, a polarização entre dois “lados” é muito ruim para o Paraná. “Veja em nosso estado hoje, se não quebrarmos a polarização, teremos de um lado a absoluta irresponsabilidade de um lado e mentira do outro”, diz, referindo-se ao governador Ratinho Júnior (PSD), que vai a reeleição e a Roberto Requião (PT), que tenta o quarto mandato.
“Quero apresentar ideias, soluções, diálogo para compreensão dos problemas reais que o Paraná enfrenta”.
POLARIZAÇÃO E PEDÁGIO
E ele já cita o caso do pedágio para reiterar seu posicionamento contra a polarização política e a necessidade de ampliar debate sobre o tema. “Não dá para entrar nessa eleição sem pensar num dos temas mais importantes, que é o pedágio”, afirma. Segundo ele, a polarização “põe de um lado, quem mentiu no passado, ´ou abaixa ou acaba`, que é o Requião e a turma do PT, ou ficar com o Ratinho, que resolveu abrir as catracas com o fim dos contratos, numa ação midiática, e promoveu apagão em nossas rodovias, na prestação de serviços aos usuários”.
Silvestri diz que o atual governo assumiu sabendo que tinha três anos para formular um novo modelo de pedágio. “E o governo decidiu não levar processo à frente antes da eleição. O governador não quer dizer onde serão as 15 novas praças de pedágio, não quer dizer onde será nova praça entre Apucarana e Londrina e não quer dizer o valor da tarifa, que ele já sabe que não será mais barata, conforme prometeu”.
“Será que o paranaense precisa ficar limitado a escolher entre esses dois mundos? Devemos procurar modelos que, de fato, atendam os interesses da população, sem megalomanias, sem promessas que, sabemos, não serão cumpridas. Penso que minha candidatura contribui para o processo, acho que vai ter espaço importante nessa eleição e em cima dessa lógica que vamos quebrar a polarização e chegaremos ao segundo turno”, raciocina.
DE EX-ALIADO A CRÍTICO DO GOVERNO
Mais conhecido na região dos Campos Gerais, Silvestri procura se apresentar ao eleitorado de todo o Estado. Já acumula uma década de mandatos, tendo sido deputado estadual e prefeito, por dois mandatos. “Em dois mandatos de prefeito tive resultado positivo, com transformações administrativas e encerrei o segundo com quase 80% de aprovação e fiz o sucessor”. Cesar Silvestri Filho é filho do ex-deputado federal e ex-deputado estadual Cesar Silvestri e da atual deputada estadual de segundo mandato, Cristina Silvestri. Atuou pelo Cidadania, migrou para o Pode e se filiou, ano passado, ao PSDB.
“Militei a vida toda no Cidadania, fui pré-candidato a governador em 2018. Mas declinei da candidatura porque precisaria renunciar ao mandato de prefeito para dar sequência. Mas eu e o partido decidimos continuar o mandato até o final. Por consequência, partido decidiu apoiar Ratinho Junior, uma promessa em que eu mesmo acreditei, por ser jovem, que podia trazer algo novo para a política do Paraná”.
Segundo ele, com as expectativas frustradas, e como já vinha alimentando esse desejo e se preparando, decidiu pela pré-candidatura. “É óbvio que se estivesse satisfeito estaria apoiando-o (o governador) e não apresentando alternativa. Ao ver o cenário e ver como opções o Ratinho ou a turma do PT, com Requião, entendo que Paraná merece debate mais aprofundando e qualificado, um caminho alternativo”.
GESTORES E A MANIA DE GRANDEZA
Silvestri diz que é importante que gestor público faça coisas simples, do dia a dia. “A gente precisa de gestores com capacidade de entrega”, considera. “Olha a propaganda paga do governo. Repare que é tudo megalomaníaco, tudo maior da história, maior do mundo. Quando você olha a vida real, no entanto, percebe que nada disso tem reflexo direto na vida das pessoas, porque são coisas que não saem do papel, ficam no campo do anúncio”, critica.
Ele avalia que deixou um legado de transformações em Guarapuava, durante seus dois mandatos. “Sempre focamos em coisas que seriamos capazes de realmente fazer. Critico muito que governos queiram sobreviver só de anúncios, sem compromissos reais de fazer com que as medidas cheguem até as pessoas”, raciocina.
Ele destaca que não tem apelo midiático projetos como o programa que criou para pequenos negócios na cidade, muito atingidos pela conjuntura econômica e agravados com a pandemia e suas consequências. Criou linhas de crédito subsidiadas para segmentos mais atingidos, como turismo, eventos e comunicação, setores do comércio. “Não vejo o governo tentando resolver isso no Estado, preocupado em aumentar a liquidez das empresas, em reavivar a economia. Isso traria benefícios diretos e imediatos a toda a população”.
Outro exemplo citado por Silvestri e que está em seu foco de atenção são ações voltadas à agricultura. Mas ele pretende criar algo para um setor pouco lembrado, que é a agricultura instalada nas regiões mais acidentadas do estado. “Sou da agricultura. Já tive áreas arrendadas em Manoel Ribas e Cândido de Abreu”, lembra, citando região de terra dobrada, dificuldade de mecanizar e de produtividade mais baixa. “Onde está a iniciativa e a criatividade, ou mesmo preocupação do governo com esse aspecto da agricultura de nosso estado?”, indaga. Silvestri lembra que o Paraná teria cerca de 5 milhões de hectares de terras nas chamadas áreas declivosas. Para ele, resolver essa questão não teria apelo midiático das grandes obras, dos grandes projetos. “Mas mudaria, de fato, a vida das pessoas”, justifica.
FUNCIONALISMO PÚBLICO
“Não tenho saída. De novo recorro a minha história de gestor público. Guarapuava tem 4,5 mil servidores, nunca tive greve, nunca comprometi capacidade de investimentos por dar aumento que não poderia pagar. Não extrapolei limite prudencial”, afirma. Para ele, “não existe bom serviço público com servidores desmotivados, mal remunerados, mal preparados”.
Para Silvestri, “só com respeito na relação com servidores asseguramos serviço público de qualidade. Quem atende nossos filhos na escola, na creche, na saúde, quem atende a ocorrência policial, quem apaga o fogo, quem faz isso é o servidor público, que é o braço do estado que chega ao cidadão. Se compreender isso de forma verdadeira, com diálogo franco, sincero, mostrando a lei, números públicos, e na medida em que se mostra isso, tem como criar programação para atender reivindicações justas, como a reposição de salários pela inflação, como pede a PM”, afirma. ASSISTA:
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