EUA negociam renúncia de líder do Iêmen

Autor: Da Redação,
terça-feira, 05/04/2011
Homens são vistos em local danificado durante protestos em Taiz. no Iêmen

Soldados voltaram a atirar contra manifestantes antigoverno na cidade de Taiz, no Iêmen, que há dois meses vive uma onda de protestos contra o presidente Ali Abdullah Saleh. Novos choques deixaram 15 mortos nesta segunda-feira, em meio a sinais de que os Estados Unidos atuam nos bastidores para negociar a renúncia do líder, no poder há 32 anos.
 

Segundo testemunhas, as ruas de Taiz estão bloqueadas e a presença das forças de segurança é forte. Franco-atiradores em cima de telhados teriam disparado nos manifestantes quando o protesto antigoverno chegou ao gabinete do governador na cidade.
 

Ativistas descreveram cenas caóticas, com os militares e policiais retirando os corpos de manifestantes mortos. Os tanques e veículos blindados bloquearam as entradas da cidade e cercaram a praça Liberdade, prendendo todos os que tentam sair.
 

Os atiradores também teriam disparado contra manifestantes durante uma manifestação na quarta maior cidade do país, Hudaida, na costa do Mar Vermelho. Centenas de manifestantes ficaram feridos na cidade, enquanto tentavam chegar a um palácio presidencial.

EUA

Desde que a crise no Iêmen começou os EUA evitaram criticar Saleh diretamente, por considerarem o líder iemita um aliado-chave na luta contra a rede terrorista Al-Qaeda. Mas a avaliação do governo americano é que o perigo causado pela instabilidade política no Iêmen é maior que os riscos oferecidos pela mudança de liderança no país.
 

De acordo com Mustafa al-Sabri, porta-voz da coalizão formada por partidos da oposição, diplomatas americanos e europeus estão em contato permanente com Saleh. O jornal americano "The New York Times" afirmou que autoridades do governo Obama confirmaram as negociações.
 

Segundo as fontes ouvidas pelo jornal, os EUA querem que Saleh entregue o poder para seu vice-presidente, Abdu Rabu Hadi, que lideraria um governo interino até novas eleições presidenciais.


O plano segue as exigências apresentadas pela coalizão de oposição, conhecida como Fórum Comum. Os oposicionistas pedem também a reestruturação das forças de segurança, um governo interino baseado em um plano de reconciliação nacional e uma nova comissão eleitoral.
 

As autoridades afirmam que ainda não receberam uma cópia do plano, mas o presidente Saleh disse no domingo, durante uma reunião com representantes da província de Taiz em Sanaa, que o Fórum Comum precisa encerrar a crise "cancelando os protestos e retirando os bloqueios nas ruas". O presidente disse ainda que qualquer transição terá que ocorrer "pelos meios constitucionais".