O governo iraniano está pronto para entregar 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido, de uma vez, em troca de combustível para seu reator em Teerã. A troca, porém, precisa ocorrer dentro do país, afirmou o chefe do programa nuclear do país, Ali Akbar Salehi, segundo reportagem do jornal linha-dura Jawan, publicada hoje (22).
Salehi disse que ele propôs anteriormente a entrega do urânio enriquecido em lotes de 400 quilos. "Mas isso não tem justificativa técnica, porque aqueles que querem produzir combustível (enriquecido a 20%) afirmam que essa quantidade não tem viabilidade econômica", afirmou Salehi, em entrevista ao diário.
"O que nós estamos dizendo agora é que estamos prontos para entregar a quantidade total de combustível de uma vez, com a condição de que a troca ocorra dentro do Irã e simultaneamente", afirmou ele. "Nós estamos prontos a integrar 1.200 quilos e receber 120 quilos de urânio enriquecido a 20%."
Essa mais recente proposta do Irã é importante, pois antes o país relutava em entregar os 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido de uma vez, conforme previsto por um plano apoiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O plano foi anunciado em outubro, após conversas com as grandes potências, mas Teerã afirmava que pretendia entregar o urânio aos poucos.
Funcionários iranianos chegaram a condenar fortemente o plano da AIEA, afirmando que ele era uma estratégia para tomar o estoque de urânio do país. Eles chegaram a fazer uma proposta de comprar o urânio enriquecido a 20% no mercado internacional ou trocar o combustível em etapas, no território iraniano.
Salehi disse que o importante para o Irã é que a troca ocorre no próprio país e que haja garantias de que será recebido urânio enriquecido a 20%. Segundo ele, os monitores da AIEA poderão monitorar as instalações iranianas "24 horas por dia", para garantir que não haja qualquer desvio.
Países como EUA, Grã-Bretanha e França pressionam o país e ameaçam impor sanções contra ele no Conselho de Segurança da ONU O Irã já foi alvo de três rodadas de sanções no CS, mas a China reluta em apoiar um novo pacote de sanções. Como membro permanente, Pequim tem poder de veto no CS.
Washington teme que Teerã busque produzir armas nucleares, mas o país persa garante ter apenas fins pacíficos, como a produção de energia. Para se produzir uma bomba nuclear, é necessário ter urânio enriquecido a mais de 90%.
As informações são da Dow Jones.