Itaú Cultural envia oito gravuras à Biblioteca Nacional para perícia

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 14/03/2018

IVAN FINOTTI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Oito gravuras do álbum "Souvenirs de Pernambuco" (1852), de Emil Bauch, da coleção Brasiliana do Itaú Cultural, saíram na manhã desta quarta-feira (14) da avenida Paulista em direção à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, onde passarão por vistoria técnica.

Segundo Laéssio Rodrigues de Oliveira, o maior ladrão de obras raras do país, as gravuras foram furtadas por ele em 2004 da instituição carioca e vendidas ao colecionador Ruy Souza e Silva, que as teria revendido ao Itaú Cultural meses depois.

Em entrevista, Souza e Silva negou ter comprado as gravuras de Laéssio e disse ter sido chantageado por ele. As informações foram publicadas pela reportagem na edição desta terça-feira (13).

A presidente da Biblioteca Nacional, Helena Severo, afirmou que as obras chegam sob custódia para a instituição até que a perícia técnica fique pronta.

"Estabelecemos o prazo de cinco dias úteis para a vistoria. Será realizada por técnicas da Biblioteca Nacional, aqui mesmo", disse Severo.

A análise vai comparar características das oito obras do Itaú Cultural com as quatro da Biblioteca, que restaram do furto de 2004 -o álbum completo de Bauch tem 12 gravuras. Papel, desgaste, dobramento, marcas, anotações, carimbos e outras marcas vão guiar a perícia.

O recebimento das obras, na tarde de quarta, seria acompanhado por um representante do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A Polícia Federal pediu uma ata registrando a entrega.

O Itaú Cultural publicou nova nota à imprensa ontem:

"Assim que foi informado pela reportagem da 'Folha de S.Paulo' sobre as suspeitas acerca das oito litografias de Emil Bauch que integram seu acervo, o Itaú Cultural contatou a Biblioteca Nacional e colocou as obras à disposição para análise."

"Já nos comprometemos com a restituição imediata, caso fique comprovado que pertencem à Biblioteca."

"A aquisição das litografias de Bauch, como de resto todo o acervo do Instituto, foi realizada de boa fé. Nos colocamos à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos."