Kim acena a Seul e aceita negociar com EUA

Autor: Da Redação,
terça-feira, 06/03/2018

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, está disposto a iniciar um diálogo com os EUA sobre o fim de seu programa nuclear e aceita suspender os testes de mísseis durante essas negociações.

A informação foi divulgada nesta terça (6) por Chung Eui-yong, chefe da delegação sul-coreana recebido por Kim na véspera em Pyongyang.

Segundo ele, o regime norte-coreano afirmou que não vê necessidade de manter seu programa nuclear caso receba garantias internacionais de que o país não sofrerá um ataque militar e que o atual governo será respeitado.

"A Coreia do Norte afirmou que está disposta a se desnuclearizar", declarou o sul-coreano em nota. "[O regime norte-coreano] deixou claro que não tem razão para manter armas nucleares se a ameaça militar ao Norte foi eliminada e forem dadas garantias de segurança."

Chung disse ainda que Kim aceitou se reunir com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in --seria o primeiro encontro entre líderes dos dois países em 11 anos.

A reunião deverá acontecer no fim de abril na fronteira entre as Coreias. Os dois lados também aceitaram criar uma linha direta para Moon e Kim conversarem.

Chung confirmou também que viajará nos próximos dias aos EUA para se encontrar com Donald Trump e debater a situação. Depois, ele irá para Rússia e China, países mais próximos da Coreia do Norte.

APROXIMAÇÃO

Caso a declaração seja confirmada por Pyongyang, seria a primeira vez desde que Kim chegou ao poder, em 2011, que ele sinaliza com a possibilidade de abrir mão de seu programa nuclear. Até agora, é o mais importante passo da recente reaproximação entre as duas Coreias.

Após realizar uma série de testes de mísseis e de armas nucleares ao longo de 2017, Pyongyang decidiu mudar o tom diplomático neste ano.

Em seu tradicional discurso de Ano Novo, Kim deixou de lado as acusações contra Trump e elogiou o vizinho do Sul, manifestando sua intenção de que atletas norte-coreanos participassem da Olimpíada de Inverno na Coreia do Sul, no mês seguinte.

Seul respondeu imediatamente elogiando a declaração e, em 9 de janeiro, representantes dos dois países tiveram seu primeiro encontro formal em mais de dois anos.

Para ajudar na reaproximação, Seul e Washington aceitaram adiar um exercício militar que fariam na região e que Pyongyang dizia ser um ensaio para uma invasão.

O exercício foi remarcado para abril, e o governo sul-coreano já disse que que não pretende adiá-lo novamente --Kim não teria se oposto a sua realização desta vez.

O processo culminou com as duas Coreias desfilando juntas na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, e Moon, o presidente sul-coreano, sentado na tribuna ao lado de Kim Yo-jong, irmã do ditador norte-coreano.

Na ocasião, ela chegou a marcar um encontro com o vice-presidente dos EUA Mike Pence, que também acompanhava a Olimpíada, mas desistiu na última hora.

Apesar disso, Washington já tinha dito que estava aberto ao diálogo com a Coreia do Norte, desde que o país aceitasse suspender seu programa nuclear, algo Pyongyang tinha se negado a aceitar até as declarações desta terça.

A Casa Branca não havia se manifestado oficialmente sobre o assunto até a conclusão desta edição, mas Trump usou seus canais pessoais para afirmar que as negociações com Pyongyang progridem.

"Pela primeira vez em muitos anos um esforço sério está sendo feito por todas as partes envolvidas. O mundo está observando e esperando", escreveu o presidente.

Em seguida, ele deixou claro que não descartou a hipótese militar: "Talvez seja uma falsa esperança, mas os EUA estão prontos para seguir qualquer um dos caminhos".