Colômbia não superou estado de guerra, diz CICV

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 01/03/2018

SYLVIA COLOMBO

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A Colômbia ainda não superou o estado de guerra em que vive há mais de 50 anos, segundo relatório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) divulgado nesta quinta (1).

A dez dias das eleições legislativas e a três meses das presidenciais -os primeiros pleitos que a ex-guerrilha Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), convertida em partido, disputará- falta muito para chegar a paz.

O estudo mostra que os processos eleitorais ocorrem em ambiente de esperança e incerteza diante da lentidão em implementar o acordo de paz entre o Estado e as Farc e da expectativa de retomar a negociação com o ELN (Exército de Liberação Nacional).

Também são citados o acirramento da violência em regiõe onde atuam quadrilhas conhecidas como "bacrim", a ação de dissidências das Farc e o ELN, que voltou a cometer atentados com o colapso da negociação em janeiro.

Apesar de reconhecer a redução das ações armadas de modo geral, o documento aponta a ausência do Estado e a ação intensa dos "bacrim" e dissidências, sobretudo no Norte. O relatório cita o registro de 77 mil vítimas da violência em 2017 e de 550 casos de violações ao direito internacional humanitário.

Os departamentos (estados) que o CICV vê como alvo de preocupação são Chocó, Nariño, Santander, Cauca, Guaviare, Antioquia, Arauca e Caquetá, onde o Estado "não apenas falha ao não prover segurança, mas também em não estimular oportunidades de desenvolvimento e não fornecer serviços básicos", diz o texto.

Desde a desmobilização dos paramilitares, na gestão Álvaro Uribe (2002-10), e agora com a das Farc, grupos de dissidentes se unem para continuar cometendo delitos. Muitas regiões do país ainda estão submetidas à extorsão.

O CICV também alerta para a demora em reinstalar deslocados pelo conflito e pede o início do trabalho da Unidade de Busca de Pessoas Desaparecidas, que são hoje 91.187 no país, salto de 133% desde 2015. Segundo o texto, 29% delas sumiu em ações envolvendo forças do Estado.