"É muita mídia", diz interventor ao atenuar cenário de violência no Rio

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 16/02/2018

BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Nomeado interventor federal para a segurança pública do Rio, o general do Exército Walter Braga Netto afirmou que a situação do Estado não é tão ruim quanto parece e que a imagem da crise é afetada pelo noticiário.

Questionado se o cenário no Rio está muito ruim, ele negou, balançando o dedo indicador da mão direita, e emendou: "Muita mídia".

O general fez o comentário na tarde desta sexta-feira (16), no momento em que subia para o gabinete do presidente Michel Temer (MDB).

Braga Netto ocupou posto chave nos trabalhos do Exército na Olimpíada do Rio.

Em entrevista no Palácio do Planalto, ele disse que ainda não havia um plano pronto para a intervenção e que havia recebido a missão de madrugada. "Eu recebi a missão agora. Vamos entrar numa fase de planejamento. Nosso relacionamento com os órgãos de segurança do Rio de Janeiro sempre foi muito bom."

Sem detalhes sobre a operação, o governo tentou blindar Braga Netto na entrevista, e ministros de Temer responderam a parte das perguntas direcionadas ao general.

"Eu vou responder pelo general. É impossível ele anunciar decisões e tomar decisões, para quem acabou de chegar", disse o ministro Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).

O interventor disse que ainda não decidiu se fará mudanças nas cúpulas da Secretaria de Segurança e das polícias --pelo decreto, ele tem poder administrativo para isso.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros Estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 --contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

JOGOS

Braga Netto foi o coordenador-geral da assessoria especial para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.

Os militares atuaram nos eventos esportivos no patrulhamento de aeroportos e entorno dos estádios, além de monitorar as revistas.

O general, que era comandante da 1ª Região Militar antes da Olimpíada, passou a chefiar o CML (Comando Militar do Leste) em setembro de 2016, um mês depois dos Jogos. O setor abrange as áreas administrativas e operacionais de Rio e Espírito Santo.

Braga Netto foi, também, um dos generais enviados ao Espírito Santo em fevereiro de 2017, após onda de violência no Estado, depois que policiais militares fizeram uma espécie de "greve branca".

Parentes de soldados fizeram piquetes nas portas dos batalhões, impedido a saída.

Segundo o Ministério da Defesa, Braga Netto possui 23 condecorações nacionais e outras quatro estrangeiras.

O comandante é natural de Belo Horizonte. Já foi comandante do 1º Regimento de Carros de Combate e chefe do Estado-Maior da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada do CML.