'Cinquenta Tons de Liberdade' tem 1h45 de publicidade sem intervalos

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 09/02/2018

CÁSSIO STARLING

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Decifrar motivações, além do marketing, para o sucesso dos romances pseudoeróticos da trilogia "Cinquenta Tons" é um esforço vão para qualquer filosofia.

Talvez a crueza da pornografia ou o desconhecimento da fulgurância literária e sexual do paradigmático "A História de O" ajudem a entender o interesse pelas mornas experiências sadomasoquistas entre Anastasia e o foderoso Mr. Grey.

A transposição ao cinema deixou mais claro que a esperteza de E.L. James foi combinar o arquétipo da donzela conquistada pelo cavalheiro dos sonhos com doses de ousadia em tempos em que tudo voltou a ser proibido.

Mas, se a ousadia já parecia pequena na versão escrita, no cinema ela nem se aproxima do que os tiozões chamávamos, décadas atrás, de "porno-chic", os filmes "softcore" com nudez parcial e sexo não "explícito".

"Cinquenta Tons de Liberdade" conta, como o filme anterior, com a assinatura de James Foley, diretor que já teve prestígio, mas agora apenas paga as contas.

A trama começa no casamento de Anastasia e Christian e acompanha os pombinhos até o início da vida a dois, quando controle e submissão deixam de ser um jogo de prazer no quarto vermelho e interferem no cotidiano.

A lua de mel dos sonhos, a casa dos sonhos e a vida sexual dos sonhos não demoram a virar pesadelo quando Jack Hyde reaparece para cobrar de Grey alguma parte de tanta abundância. Dakota Johnson mostra os peitinhos e revira os olhinhos, enquanto Jamie Dornan contrai os músculos e franze a testa para expressar preocupação.

As grandes marcas gritam a cada cena e as imagens obedecem ao padrão estético das revistas de luxo. Mas quem aguenta assistir a 1h45 de publicidade sem intervalos?

E as cenas de BDSM? São tão poucas e sem pimenta que Anastasia encontra outra utilidade para as algemas.

CINQUENTA TONS DE LIBERDADE

(FIFTY SHADES FREED)

DIREÇÃO James Foley

ELENCO Dakota Johnson, Jamie Dornan

PRODUÇÃO EUA, 2018, 16 anos

AVALIAÇÃO ruim