ATUALIZADA - Trump não fala em controlar armas ao comentar massacre

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 02/10/2017

ISABEL FLECK

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Em pronunciamento após o ataque a tiros em Las Vegas, o presidente Donald Trump pediu união aos americanos e não fez qualquer menção à discussão sobre uma maior rigidez no controle de venda de armas nos Estados Unidos.

"Em tempos como esses, sei que estamos procurando algum tipo de significado no caos, algum tipo de luz na escuridão. As respostas não vêm facilmente", disse Trump, na Casa Branca.

Ele classificou o ataque como um "ato de pura maldade" e prestou condolências às vítimas e às famílias, cuja dor "não podemos entender".

Se não falou sobre armas, Trump mencionou Deus cinco vezes e as palavras "unir" e "união", três. "Nossa união não pode ser quebrada pelo mal", afirmou. "Em momentos de tragédia e horror, a América se une em uma só."

Trump disse rezar "pelo dia em que o mal será banido e que os inocentes estarão a salvo do ódio e do medo".

Questionada mais tarde por jornalistas se Trump considerava rever o controle para venda de armas de fogo, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que a discussão era prematura e que o dia era de luto. "Há hora e lugar para o debate político. Agora é hora de nos unirmos como país", disse.

Sanders, porém, depois afirmou que Trump segue "um forte apoiador da Segunda Emenda" da Constituição, que prevê o direito do cidadão de portar armas."Uma das coisas que não queremos fazer é criar leis que não vão fazer com que esse tipo de coisa pare de acontecer."

Nevada é um dos Estados com legislação mais flexível para a compra de armas. É autorizado também o porte na maioria dos locais, exceto escolas e universidades.

Trump, no entanto, não teve tanta cautela para falar sobre o porte de armas quando o ataque foi em outro país.

Em junho, após terroristas atropelarem e esfaquearem civis em Londres, deixando ao menos sete mortos, Trump recebeu uma enxurrada de críticas ao sugerir que uma legislação mais rígida sobre o porte de armas não é a resposta para combater ataques.

"Vocês percebem que não estamos discutindo armas neste momento? É porque usaram facas e um caminhão!", escreveu Trump.

Em abril, a membros da Associação Nacional do Rifle (NRA), o mais importante grupo de lobby pró-armas dos EUA, Trump prometeu que daria a eles o mesmo apoio recebido da NRA durante sua campanha à Presidência.

"Os ataques de oito anos às suas liberdades garantidas pela Segunda Emenda chegaram ao fim. Eu nunca infringirei o direito do povo de manter e carregar armas."

Em fevereiro, o presidente sancionou uma medida aprovada no Congresso revertendo uma norma do governo Obama que proibia cerca de 75 mil pessoas com doenças mentais de comprar armas.

Apesar do apoio dado ao pleito da NRA hoje, Trump apoiou, em 2012, as declarações de Obama de que era preciso mudar a legislação após um atirador matar 20 crianças em uma escola de Newtown, em Connecticut. "O presidente Obama falou por mim e por todos os americanos."