PM de folga intervém em roubo e vira o 101º agente morto no Rio neste ano

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 01/09/2017

LUIZA FRANCO

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um troca de tiros entre um policial e criminosos deixou quatro mortos nesta sexta-feira (1º) em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Entre as vítimas está um policial militar, o 101º a morrer em ações violentas no Estado desde o início do ano.

O segundo-sargento Lúcio Ferreira de Santana, 41, estava de folga quando testemunhou uma tentativa de roubo a um caminhão de carga, no Jardim Redentor, e tentou intervir. Houve confronto. Além do policial, morreram um suspeito e dois funcionários da transportadora -um terceiro ficou ferido.

Com o suspeito que morreu foi apreendida uma pistola. Outros três conseguiram fugir. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense foi acionada e a polícia faz buscas na região.

O segundo sargento Santana estava na corporação desde 2001. Era lotado no 15º Batalhão da PM (Duque de Caxias, também na Baixada).

Ainda não há informações sobre os outros mortos.

CRISE NA SEGURANÇA

Com a política de segurança em crise, o Rio perdeu um policial militar a cada dois dias, aproximadamente, em 2017.

Para efeito de comparação, o Estado de São Paulo registrou 22 policiais militares mortos de folga ou em serviço no primeiro semestre deste ano, sendo que a PM paulista tem quase o dobro do efetivo do Rio -87 mil agentes, ante 45 mil- e mais que o dobro da população –45 milhões de habitantes, contra 17 milhões.

Ao mesmo tempo, as mortes provocadas por policias aumentaram 45% neste ano no Rio. Foram 551 mortes por policiais no primeiro semestre de 2017, ante 400 no mesmo período do ano passado.

De modo geral, o número de mortes violentas no primeiro semestre deste ano (3.457) cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2016. Foi o pior primeiro semestre desde 2009 (3.893).

Assim com o segundo-sargento Santana, a maior parte dos PMs morreu em folga. Especialistas apontam uma série de hipóteses para isso.

A série da estatística policial, iniciada em 1994, mostra que o problema da vitimização policial é antigo. No entanto, agora, todos os fatores que levam à morte de policiais foram exacerbados com a crise econômica que deixa um rombo de R$ 21 bilhões nos cofres fluminenses e uma série de servidores e pensionistas com vencimentos atrasados.

No Estado, homicídios e roubos em geral estão em alta. PMs são vítimas frequentes de assalto e, por andarem armados, são mortos ao reagirem ou serem identificados.

Muitos PMs costumam fazer os chamados bicos, trabalhando principalmente como seguranças privados, para complementar suas rendas.

O Regime Adicional de Serviço, que permite que policiais militares e civis trabalhem na folga para as próprias polícias, complementando a falta de efetivo, não é pago desde setembro do ano passado. Policiais também não receberam o 13º salário.

Também há aqueles que atuam no crime e morrem em decorrência de conflitos, em acertos de conta.