ATUALIZADA - Extrema-direita e grupos antirracismo se enfrentam nos EUA; um morre

Autor: Da Redação,
sábado, 12/08/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Centenas de supremacistas brancos e manifestantes antirracismo entraram em confronto nas ruas de Charlottesville, na Virgínia, na manhã deste sábado (12).

Segundo a AP, 26 ficaram feridos e uma pessoa morreu após um carro atropelar manifestantes contrários aos supremacistas.

O prefeito da cidade, Mike Signer, confirmou a morte em sua conta do Twitter e pediu que os presentes na manifestação retornassem às suas casas.

O suspeito pelo atropelamento foi preso, afirmou a AP.

Em pronunciamento ao vivo na tarde deste sábado, o presidente Donald Trump afirmou que o país tem que se unir e impedir a violência.

"Sem distinção de credo ou de partido político, somos, antes de tudo, americanos. Amamos nosso país e temos orgulho de quem somos", disse o presidente. "Queremos estudar esse caso de Charlottesville e descobrir o que estamos fazendo de errado."

Pelo Twitter, o presidente afirmou que "o que é vital é restaurar rapidamente a lei a ordem e a proteção da vida de inocentes".

Outras personalidades, como Bill Clinton, Melania Trump e Bernie Sanders, também usaram a rede social para repudiar a violência e a intolerância.

Durante o confronto, os dois grupos opostos trocaram gritos, socos, arremessaram garrafas de água e dispararam sprays de pimenta uns contra os outros.

Ativistas haviam marcado um protesto na cidade, chamado Unir a Direita, para a tarde deste sábado. As autoridades esperavam que 6.000 pessoas comparecessem.

No entanto, após os confrontos desta manhã, o governo da Virgínia declarou estado de emergência e proibiu o ato. A polícia passou a ordenar aos manifestantes que deixem as ruas. Ao menos uma pessoa foi presa.

Na manhã de sábado, ativistas de direita vestidos com roupas militares carregavam escudos e exibiam armas de grosso calibre pela cidade, e se descreviam como uma "milícia", segundo o "Washington Post". A sua intenção era "manter a paz", afirmaram.

Na noite de sexta-feira (11), Charlottesville também teve briga nas ruas. Carregando tochas, centenas de supremacistas brancos promoveram uma marcha com tochas e palavras de ordem contra imigrantes, negros, homossexuais e judeus.

Foi umas das maiores manifestações da extrema-direita vistas nos Estados Unidos nos últimos anos.

Grupos nacionalistas de extrema-direita iniciaram a caminhada em um parque e foram até o campus da Universidade da Virgínia, aos gritos de "Vocês não vão nos substituir", em referência aos imigrantes, e "Vidas brancas importam", uma alusão ao movimento que protesta contra a morte de negros por policiais, Black Lives Matter.

Houve também demonstrações de orgulho nazista. No caminho, encontraram outro grupo que protestava contra a ação ao redor de uma estátua do presidente Thomas Jefferson (1743-1826), fundador da universidade.

Os manifestantes contrários aos extremistas estavam em menor número e acabaram cercados. Houve ofensas verbais e confronto, que incluiu golpes com as tochas e uso de sprays de pimenta.

Os participantes dispersaram após a chegada da polícia. Algumas das pessoas feridas disseram que os guardas demoraram a agir.

No Twitter, Donald Trump se pronunciou contra a violência nos protestos. "Todos precisamos nos unir e condenar tudo que é associado ao ódio. Não há lugar para esse tipo de violência na América", disse.

CONFEDERAÇÃO

Com 47 mil habitantes, Charlottesville virou alvo de extremistas após a administração local decidir retirar de um parque uma estátua do general Robert E. Lee (1807-1870) e remover outras homenagens a líderes confederados em locais públicos. O caso está na Justiça e a estátua, por ora, segue ao ar livre.

Durante a Guerra Civil nos EUA (1861-65), Estados do Sul criaram uma confederação e lutaram para se tornarem independentes e manter o direito de ter escravos. Eles foram derrotados e seguiram sob controle de Washington.

No protesto de sexta, muitos extremistas carregavam a bandeira da Confederação. Grupos de extrema-direita alegam que o avanço de direitos para imigrantes e negros levaria à sua extinção.

Após a eleição de Donald Trump, em novembro, eles têm se tornado mais vocais.