Abstenção alta no 1º turno das legislativas preocupa presidente

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 14/06/2017

DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL

PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Mesmo após sua vitória no domingo (11), que deve lhe garantir uma imensa maioria na próxima Assembleia Nacional, o presidente francês, Emmanuel Macron, não se deslumbrou.

Ele não celebrou em público, e a diretriz aos candidatos de seu movimento, a República em Frente!, foi: "Nada de triunfalismo. É hora de mostrar humildade", segundo relatos da imprensa local.

O governo se preocupa com a abstenção recorde no primeiro turno. Mais de metade dos eleitores -51,29%- não foi às urnas, número que pode aumentar neste próximo domingo (18), quando a eleição for concluída.

O recorde anterior era de 42,78%, no primeiro turno legislativo de 2012, e esse número assombrará o mandato de Macron quando tiver que implementar suas impopulares reformas, como rever a jornada semanal de trabalho.

Os eleitores e a população poderão argumentar que o presidente não tem o apoio necessário para impor tamanhas mudanças ao país.

Foi o que disse Jean-Luc Mélenchon, do partido de extrema esquerda França Insubmissa, no domingo (11). "A enorme abstenção mostra que não há uma maioria no país a favor de destruir as leis trabalhistas."

O próprio governo concordou com o risco da ausência dos eleitores. "Ninguém pode se alegrar com tamanho nível de abstenção", disse o premiê, Édouard Philippe.

A explicação mais óbvia é o desencanto da população. Parte votou em Macron -eleito em 7 de maio, com 66% dos votos- para impedir a ultranacionalista de direita Marine Le Pen de ser presidente., e não necessariamente acreditavam em sua plataforma.

Mas há também razões estruturais, diz à Folha Edouard Lecerf, diretor global da Kantar, responsável por pesquisas eleitorais.

As presidenciais e legislativas são feitas em intervalo curto desde 2002, quando o mandato presidencial foi reduzido de sete anos para cinco. "Algumas pessoas sentem que já fizeram seu trabalho, ao votar nas presidenciais", afirma Lecerf. "Elas veem as legislativas como confirmação do que já disseram."