ATUALIZADA - Balanço de Doria tem um terço dos feridos vistos pela PM na marginal

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 09/06/2017

FABRÍCIO LOBEL E DHIEGO MAIA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Balanço da Prefeitura de São Paulo com base em dados de boletins de ocorrência analisados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) aponta redução no número de acidentes e feridos nas marginais Tietê e Pinheiros nos três primeiros meses após a gestão João Doria (PSDB) ter elevado as velocidades máximas nas duas vias.

Esse relatório levanta uma série de contradições com outros balanços oficiais da prefeitura e dá início a uma espécie de "guerra" de números com a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) -já que a Polícia Militar aponta tendência totalmente contrária.

Por exemplo, de fevereiro a abril, a PM contabilizou 396 acidentes com vítimas nas marginais. Pelo balanço da prefeitura, foram só 113 acidentes em geral (graves ou não) nesse mesmo intervalo.

No final de janeiro, os limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros foram elevados de 70 km/h para 90 km/h na pista expressa, de 60 km/h para 70 km/h na central e de 50 km/h para 60 km/h na local. A mudança foi uma promessa de campanha de Doria em 2016.

Segundo os dados divulgados pela gestão Doria, a quantidade de acidentes em geral (com ou sem vítimas) nas duas marginais passou de 138 para 113 (queda de 18%), numa comparação entre os meses de fevereiro, março e abril do ano passado e deste ano.

Também pelo balanço municipal, nesse mesmo intervalo, os feridos passaram de 153 para 132, e a quantidade de mortos, de 9 para 8.

Esses dados, com base apenas em boletins de ocorrência analisados pela CET, porém, mostram um vácuo em relação a outros levantamentos da própria companhia.

Nesse novo balanço, a prefeitura fala em 113 acidentes (graves ou não) de fevereiro a abril. A própria CET, no início do ano, com base em dados operacionais (baseados nos relatos dos agentes), divulgou que havia registrado 223 acidentes com vítimas nos dois primeiros meses após elevar as velocidades.

Antes da divulgação dos novos dados da CET, um balanço do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) apontou que a quantidade de atendimentos a vítimas de acidentes nas marginais Tietê e Pinheiros havia triplicado depois do aumento de velocidade das vias.

Dados do serviço mostravam que, entre 25 de janeiro e 10 de março deste ano, haviam sido feitos 186 atendimentos, contra 65 no mesmo período do ano anterior.

METODOLOGIA

O novo balanço da CET usa como base os dados do Infocrim (Sistema de Informação Criminal), da Polícia Civil.

Na prática, entram na conta os acidentes com registro de boletim de ocorrência -com a mesma metodologia, segundo a prefeitura, adotada desde 1979. Já as estatísticas da PM incluem todos os acidentes com vítimas que aparecem nos boletins operacionais da corporação.

A gestão Doria atribuiu as discrepâncias de dados a metodologias diferentes -e atribui a alta dos registros de acidentes por PM e serviço médico à melhor integração entre os órgãos neste ano.

"[O programa] Marginal Segura [implantado por Doria junto com a mudança dos limites] representou uma evolução imensa na capacidade operacional das vias pela CET. Nós nunca tivemos uma presença tão grande de autoridades nas marginais", disse Sérgio Avelleda, secretário municipal de transportes.

Como a Folha antecipou, segundo dados do batalhão de trânsito da Polícia Militar, as marginais tiveram 144 ocorrências com vítimas em maio deste ano, contra 115 no ano passado -alta de 25%.

O crescimento é ainda maior, de 38% (de 392 para 540), quando se consideram os quatro meses seguintes à mudança nos limites, que entrou em vigor no dia 25 de janeiro.

O número de mortes também seguiu tendência de alta. Foram 11 nos cinco primeiros meses de 2017 e 8 no mesmo período do ano passado.

Motociclistas são as principais vítimas. Eles estavam envolvidos em 78,5% das ocorrências deste ano (de janeiro a maio), um leve aumento de proporção em relação ao ano passado, quando essa parcela foi de 74,6%.

Em maio, os motociclistas foram proibidos pela gestão Doria de circular nas pistas centrais da Tietê das 22h às 5h. Essa é uma das apostas da administração tucana para tentar conter a alta de acidentes do tipo nas marginais.