ATUALIZADA - Polícia prende irmã e filhos de Beira-Mar

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 24/05/2017

LUIZA FRANCO

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal prendeu 24 suspeitos de integrar a quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso em uma unidade de segurança máxima de Porto Velho (RO).

Entre os que tiveram a prisão preventiva decretada estão dez parentes de Beira-Mar, incluindo uma irmã do traficante e cinco filhos dele.

As prisões desta quarta (24) foram autorizadas pela 3ª Vara Federal de Porto Velho e fazem parte da "Operação Epístola" -que se refere à forma como Beira-Mar se comunicava com operadores fora da cadeia, por meio de bilhetes.

De acordo com a PF, Beira-Mar comandava, de dentro da cadeia, uma quadrilha que atuava em tráfico de drogas e outras atividades, como controle de máquinas de caça-níquel, venda de botijões de gás, cesta básica, mototáxi, venda de cigarros e até o abastecimento de água.

A quadrilha controlava essas atividades em 13 comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense --14 dos presos são do Estado do Rio.

Do lado de fora da cadeira, segundo a polícia, os principais colaboradores do traficante eram seus parentes.

Entre os presos, Alessandra da Costa, irmã de Beira-Mar, foi detida em um condomínio de luxo onde mora em Duque de Caxias. Ela é apontada como braço-direito dele.

Segundo a polícia, a irmã recebia mensagens do traficante e administrava seu patrimônio --ela é suspeita de organização criminosa e de lavagem de dinheiro. Também foram presos cinco filhos dele e um outro suspeito, antigo parceiro de Beira-Mar, conhecido como "Chapolin".

Dentro da cadeia, Beira-Mar contava com o apoio de um vizinho de cela, a quem enviava mensagens em bilhetes escritos à mão, de acordo com a investigação. Posteriormente, esse detento os repassava à sua mulher, em visitas, e ela os encaminhava a parceiros fora do presídio.

Para a operação, Beira-Mar comprava passagens aéreas (chegou a gastar R$ 20 mil) e alugava casas, segundo a PF.

Fora da penitenciária federal, os textos eram digitados e salvos, colocados em uma "caixa postal morta" (acessada por quem tivesse usuário e senha do e-mail) ou entregues pessoalmente por membros da organização, como os próprios familiares.

Segundo a PF, o grupo movimentou valores superiores a R$ 9 milhões com o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. O dinheiro foi localizado em 51 contas bancárias.

Nove empresas envolvidas no esquema tiveram suas atividades suspensas. "O esquema era tentar misturar dinheiro lícito com dinheiro ilícito. Havia empresas de verdade e empresas de fachada", diz o delegado Leonardo Marinho.

A PF diz que o patrimônio de Beira-Mar é de, no mínimo, R$ 30 milhões. A investigação indicou também que nove parentes do traficante são servidores do Legislativo municipal de Caxias, que foi alvo de buscas da PF.

Preso desde abril de 2001, quando foi capturado na selva colombiana por tropas do exército local, Beira-Mar ganhou notoriedade por organizar sua própria rede de distribuição de armas e drogas a partir de conexões com traficantes da América Latina.

O traficante acumula penas diversas que somam quase 350 anos de prisão.

A reportagem não conseguiu localizar advogados dos suspeitos nesta quarta-feira. Questionada, a polícia não informou se eles já têm defensores e quem são.