Promotoria revela vídeo com visita de Marcelo Odebrecht a Cristina Kirchner

Autor: Da Redação,
terça-feira, 16/05/2017

SYLVIA COLOMBO

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O promotor argentino Federico Delgado entregou nesta terça-feira (16) ao juiz Sebastián Casanello um vídeo que mostra trecho de uma visita de Marcelo Odebrecht à Cristina Kirchner, na Casa Rosada, em 31 de julho de 2013.

Sem som, a gravação não traz revelações sobre as obras a cargo da construtora brasileira que estão sendo investigadas pela Justiça argentina. Delgado, porém, crê que "ainda que não revele muita coisa, o vídeo é um indício a mais para ajudar a explicar os fatos", disse à imprensa local.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a Odebrecht teria pago a políticos argentinos US$ 35 milhões em propinas. Na semana passada, o escritório de representação da empresa em Buenos Aires ofereceu ajuda à Justiça argentina, se dispondo a passar informações e nomes em busca de um acordo para seguir operando no país.

A principal obra que vem sendo investigada é o soterramento da linha de trem Sarmiento, na capital argentina -iniciada na gestão de Cristina Kirchner na Presidência, e com Mauricio Macri como chefe de governo da cidade. A obra vinha sendo realizada pela Odebrecht em associação com a empresa IECSA, que pertencia a um primo de Macri, Angelo Calcaterra.

Além desta, se investiga o provável pagamento de propinas da Odebrecht quando venceu concorrência, ainda na gestão Cristina Kirchner, para construir uma planta para tratamento de água da empresa Aysa, no rio Tigre.

Delgado crê que o encontro flagrado pela câmera possa se referir a esse caso. Em comunicado enviado à imprensa, a Odebrecht diz que, "até o momento, não teve acesso ao expediente da causa que investiga a Aysa".

Também no foco das investigações está o atual chefe de inteligência do governo Macri, Gustavo Arribas.

Em depoimento à Justiça argentina, via teleconferência, na semana passada, o doleiro brasileiro Leonardo Meirelles declarou que havia enviado US$ 850 mil dólares a Arribas em dez envios separados.

Arribas nega que se tratasse de suborno por parte da Odebrecht e insiste que recebeu apenas parte deste dinheiro e que este se referia à venda de objetos que estavam dentro de um imóvel seu em São Paulo, onde vivia. Arribas disse na segunda-feira (15), que iniciará um processo por calúnia e difamação contra Meirelles.

A deputada Elisa Carrió, aliada a Macri, porém crítica ao governo, pediu que o governo insista em levar a investigação deste caso até o fim, pelo fato de Arribas ocupar cargo importante no governo.