ATUALIZADA - Homem é baleado no Complexo do Alemão após protestos de moradores

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 26/04/2017

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Moradores do Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio, voltaram a registrar tiroteios na noite desta quarta-feira (26). As circunstâncias ainda serão apuradas pela Polícia Militar, mas ao menos uma pessoa ficou ferida. Não há informações sobre a vítima.

O novo tiroteio aconteceu após uma tarde de relativa calma após dias de confrontos por conta da ação da polícia para a instalação de uma torre blindada no no alto da favela Nova Brasília, dentro do complexo. A torre foi finalmente instalada na última terça (25).

Durante a tarde, porém, já havia ocorrido um novo protesto na região após o enterro do adolescente Paulo Henrique Oliveira de Moraes, 13, um dos quatro mortos nos confrontos dos últimos dias. Na terça, um outro protesto semelhante também tinha sido feito por moradores do local.

Nesta quarta, os moradores fecharam a estrada do Itararé, que dá acesso ao conjunto de favelas e policiais militares responderam com bombas de gás e tiros de bala de borracha. Mais tarde, por voltas das 20h10, quando o protesto já havia sido dispersado, foram registrados os disparos de arma de fogo no complexo.

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, o Coletivo Papo registrou o momento em que moradores socorrem um homem supostamente ferido na cabeça até a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento). Policiais militares chegaram a lançar uma bomba de gás no grupo que socorria o ferido.

Principal ícone da política de pacificação dos morros do Rio, o Alemão, que foi ocupado de modo cinematográfico em 2010, tem sido cenário de confrontos diários entre polícia e traficantes desde o início de fevereiro.

Especialistas veem na instalação da torre um símbolo do fracasso da política de segurança - a ideia, após a ocupação da favela, era que polícia e população passassem a ter relação mais próxima.

Mesmo quem a defende, como o antropólogo e ex-capitão do Bope Paulo Storani, reconhece que ela não representará solução para o conflito a longo prazo.

"A Polícia não pode simplesmente sair do Alemão. A torre pelo menos dará segurança para o efetivo policial que está lá. Mas sabemos que não vai solucionar o problema. Ela será alvejada constantemente."