"Fogo amigo" de coalizão liderada pelos EUA mata 18

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 13/04/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um bombardeio da coalizão liderada pelos EUA matou 18 combatentes das Forças Democráticas da Síria, aliadas dos americanos, na cidade síria de Tabqah, segundo informações do Departamento de Defesa dos EUA.

Foi a terceira vez em um mês que ataques da coalizão que combate a organização terrorista Estado Islâmico atingem civis ou aliados.

O Departamento da Defesa dos EUA ainda está investigando dois ataques anteriores que mataram e feriram dezenas de pessoas em Mossul, no Iraque.

Aliados da coalizão que estavam em Tabqah solicitaram o ataque aéreo de terça-feira (11) ao Comando Central dos Estados Unidos, que supervisiona as operações militares no Oriente Médio.

Os combatentes informaram a localização do alvo, identificado como "uma posição de combate ocupada pelo Estado Islâmico".

Segundo a nota divulgada pelo Departamento da Defesa, as coordenadas do alvo eram, na realidade, uma posição de combate ocupada pela FDS, que vem lutando ao lado dos EUA contra o EI.

As Forças Democráticas da Síria são um grupo formado por milícias árabes e curdas que participa da batalha em solo contra o EI com o apoio tático dos Estados Unidos.

Não foi especificado se o avião usado na ação era americano ou de algum dos outros integrantes da coalizão.

ASSAD

Em entrevista à agência de notícias France Presse, o ditador sírio Bashar al-Assad afirmou que o ataque químico que matou ao menos 80 pessoas em 4 de abril, na cidade de Khan Sheikhun, foi "100% forjado".

Ele também criticou a reação do governo dos EUA, que bombardearam uma base aérea no país em alegada resposta ao ataque químico.

"Para nós, trata-se de um episódio 100% forjado (...) Nossa impressão é que o Ocidente, principalmente os EUA, é cúmplice dos terroristas e montou essa história para servir de pretexto para o bombardeio", afirmou Assad.

Esta foi a primeira entrevista concedida pelo ditador sírio desde o ataque químico.

Assad também disse que seu regime já não possui armas químicas e que seu arsenal foi entregue em 2013 após as suspeitas de um ataque químico perto de Damasco.

Além disso, ele afirmou que o uso de armas químicas contra civis, além de ser "moralmente errado", não faria sentido do ponto de vista militar, visto que o regime sírio vem conquistando uma série de avanços territoriais.

A narrativa apresentada pelo ditador sírio sobre os acontecimentos de 4 de abril divergem integralmente da versão defendida pelo governo dos Estados Unidos, que diz não ter dúvidas de que o regime de Assad é responsável pelo ataque químico.

Sobre os bombardeios americanos da sexta-feira (7) contra a base aérea de Al Shayrat, perto de Homs, Assad afirmou que "nosso poder de fogo, nossa capacidade de atacar os terroristas não foi afetada".

Os Estados Unidos dizem que o ataque destruiu cerca de 20% das capacidades da Força Aérea síria.

Assad pediu uma "investigação imparcial" sobre o suposto ataque químico.

A Rússia, principal aliada da Síria, vetou nesta quarta (12) uma resolução no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que pedia uma investigação extensa em instalações do regime sírio.

Moscou sugere que especialistas também visitem o local do suposto ataque químico, em Khan Sheikhun.