Extremo leste do país abrigou a 'Israel de Stálin'

Autor: Da Redação,
domingo, 09/04/2017

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IGOR GIELOW

RÚSSIA (FOLHAPRESS) - Na estação de trem, letreiros estão em russo e iídiche, língua dos judeus do Leste Europeu. Na praça à frente há uma menorá, o candelabro judaico. Poderia ser uma vila de maioria russa em Israel, mas é Birobidjan, 8.350 km a leste de Moscou.

A cidade é a capital da Região Autônoma Judaica, a "Israel de Stálin", um lugar com área pouco maior do que Porto Velho que foi criado em 1934 pelo ditador para acomodar os judeus soviéticos e estimular a ocupação do vazio demográfico na fronteira.

O lugar demonstra que as tentativas de colonização da região sempre enfrentaram obstáculos.

"Vieram de todos os lugares, mas o clima acabou espantando a todos", conta Albina Sergeieva, curadora do museu da única sinagoga local. De um pico estimado em 30 mil judeus na região, hoje há pouco mais de 2.000 residentes.

Além do clima, ajudaram a afastar os colonos a repressão ocorrida nos anos finais do stalinismo.

O fim da União Soviética trouxe o epílogo da saga, com cerca de 10 mil judeus emigrando para Israel a partir dos anos 90.

Hoje, os remanescentes lutam para preservar a cultura dos pioneiros, visível também nas placas de rua e em um restaurante típico ao lado da sinagoga.

"Os jovens querem ir embora, judeus ou não", diz a professora Galya Ivanova, 30, lembrando a dificuldade de morar no Extremo Oriente russo.