JOSÉ MARQUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao sancionar uma lei que aumenta a proteção a menores que testemunharam violência, o presidente Michel Temer alfinetou a gestão anterior, da ex-presidente Dilma Rousseff, e defendeu medidas de austeridade de sua administração.
Segundo ele, o bem-estar de crianças e adolescentes exige "responsabilidade fiscal" e "contas em dia".
Ao discursar em evento promovido pela Unicef (braço da ONU para a infância) nesta terça-feira (4), em São Paulo, disse que o Brasil evoluiu na proteção a crianças e adolescentes nas últimas décadas, mas entre 2013 e 2015 o trabalho infantil voltou a aumentar.
"Nossa experiência recente mostra que não podemos nos distrair", afirmou. "O Brasil começa a sair de sua mais grave crise econômica. Crise que vitimou de modo particular os segmentos mais vulneráveis da população e as crianças não foram exceção."
"É sinal de que o bem-estar das crianças exige eterna vigilância, exige Estado com contas em dia, que esteja em condições de investir em programas sociais, exige responsabilidade social, que só existe de verdade se acompanhada da responsabilidade fiscal", afirmou.
Sem citar nominalmente as gestões, ele falou de melhorias na proteção a crianças nos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na primeira de uma série de agendas que terá durante o dia na capital paulista, o presidente falou por cerca de 10 minutos a uma plateia que acompanhava o evento na sede da Fiesp (Federação de Indústrias do Estado de São Paulo). À frente do prédio da entidade, na avenida Paulista, manifestantes gritavam palavras de ordem contra a reforma da Previdência e a redução da maioridade penal.
Temer estava acompanhado de uma comitiva que incluía o rei da Suécia, Carlos 16 Gustavo e a rainha Silvia, além da primeira-dama Marcela Temer. Nesta segunda (3), eles estiveram no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde jantaram com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e caciques tucanos.
O projeto de lei assinado por Temer é de autoria da deputada petista Maria do Rosário (PT-RS), citada por ele no discurso, e regulamenta o direito de proteção a crianças que testemunharam violência.