ROGÉRIO PAGNAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu antecipar a troca no comando da Polícia Militar de São Paulo em meio à sequência de resultados ruins nos índices de roubos.
Prevista originalmente para maio, devido à aposentadoria do atual comandante, coronel Ricardo Gambaroni, a mudança na cúpula da corporação deve ocorrer logo depois do Carnaval, em março.
Segundo a reportagem apurou, a troca foi anunciada numa reunião na noite de segunda-feira (20) com a participação do secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, do coronel Gambaroni e ainda de seu provável substituto, coronel Nivaldo Restivo, que é hoje comandante do Choque.
Integrantes do governo Alckmin ligados à pasta dizem haver um descontentamento interno com Gambaroni (no cargo desde 2015) devido ao avanço de crimes patrimoniais no Estado, incluindo ataques a cargas.
No caso dos roubos em geral, os registros subiram 5,19% no ano passado e bateram recorde desde 1999.
Um policiamento ostensivo eficaz, tarefa da Polícia Militar, é uma das cobranças de especialistas da área para combater esse tipo de crime.
A chefia da Polícia Civil, responsável pelas investigações dos crimes, não deve mudar -segue a cargo do delegado Youssef Abou Chahin.
TRANSIÇÃO
A substituição de um oficial antes do tempo previsto no cargo é um movimento incomum na PM. Oficialmente, a gestão Alckmin não confirma a antecipação da troca no comando. Ela diz que foi iniciada uma "fase de transição" entre os coronéis, mas sem data prevista para concluir.
Oficiais da PM ouvidos afirmam, porém, que o novo comando já iniciou os trabalhos de montagem da nova equipe, incluindo a consulta a candidatos para substituir nomes de postos importantes da corporação.
Chefes atuais também já começaram procedimentos de despedida, como a limpeza de gavetas. Uma cerimônia de transição do comando, na academia do Barro Branco, chegou a ser cogitada para as 10h do dia 9.
O atual comandante, Gambaroni, demonstrava bastante interesse por temas ligados à aviação. Piloto de helicóptero, dedicava-se a cursos sobre esse tema até no exterior.
O provável substituto, Restivo, é considerado na corporação como um PM operacional e de linha mais dura -até pela ligação com a tropa de Choque e com a Rota, que ele também já comandou.
O secretário da Segurança estuda anunciar a mudança no dia 25, na divulgação mensal de números da violência.