Após protestos, Romênia derruba decreto que liberava corrupção leve

Autor: Da Redação,
sábado, 04/02/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo da Romênia anunciou neste sábado (4) a derrubada do decreto que descriminalizava corrupção com ganhos inferiores a R$ 146 mil, que provocou os maiores protestos vistos no país desde o fim do comunismo, em 1989.

A medida foi anunciada na terça (31) pelo primeiro-ministro Sorin Grindeanu sem passar pelo Parlamento e deixou a população indignada, levando a manifestações com mais de 200 mil pessoas nas ruas das maiores cidades do país.

Em cadeia de rádio e televisão, o chefe de governo anunciou que fará uma reunião de emergência do gabinete neste domingo (5) para avaliar como derrubar o decreto e fazer com que ele deixe de ter força de lei.

Porém, Grindeanu anunciou que deverá levar a descriminalização ao Parlamento para debates, o que não deve diminuir a ira dos manifestantes. "Não quero dividir a Romênia. Neste momento, o país parece estar dividido em dois", disse.

Além do debate no Legislativo, onde o governo tem a maioria, espera-se que Tribunal Constitucional do país também julgue a legalidade do decreto. Pela nova regra, quem cometer casos pequenos de corrupção não será preso.

Dentre os beneficiários, está o líder do governista Partido Social-Democrata, Liviu Dragnea, acusado de abuso de poder por desvio de R$ 80 mil. Isso levou manifestantes às ruas, gritando "ladrões, ladrões", em referência aos políticos.

Alguns cidadãos pediram a renúncia do governo. Diante da magnitude dos atos, o presidente Klaus Iohannis, que tem papel cerimonial, e o Conselho da Magistratura pediram à Suprema Corte que avaliasse a legalidade.

Os protestos acontecem meses depois que o Partido Social-Democrata voltou ao poder, embora tenha sido derrubado um ano antes devido a uma outra série de manifestações anticorrupção.

O decreto também deve prejudicar a relação da Romênia com a União Europeia, que reclama do avanço no combate à corrupção. A agência anticorrupção romena investiga mais de 2.000 casos de abuso de poder.