Depois de Doria, prefeito de Curitiba lava calçadão e promete cidade limpa

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 01/02/2017

ESTELITA HASS CARAZZAI

CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Depois de o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), se vestir de gari e prometer limpar a cidade, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), começou nesta terça (31) um mutirão de limpeza do calçadão da rua XV de Novembro, no centro da cidade.

Greca cumprimentou garis, posou para fotos e, segurando um jato de água, deu início à lavagem do calçadão.

"Como você viu, eu estou vestido de Rafael [Greca]", disse, ao ser perguntado se estava repetindo o gesto de Doria.

O prefeito cumpre uma promessa de campanha de "revitalizar" o município. A cada semana, um dos calçadões de Curitiba será lavado. Para ele, os espaços são "emblemáticos", ajudam a construir a identidade cultural do município e são "indutores do amor pela cidade".

"São espaços que não merecem ser depreciados. Quanto mais gente se interessar em preservar o centro vivo, histórico, mais gente será parceira da causa da curitibanidade, da causa da cidade."

Greca defendeu que a limpeza do município é obrigação do prefeito e "é prioritária num país que tem febre amarela, dengue, zika, chikungunya e ameaça de cólera".

MORADORES DE RUA

A lavagem do calçadão, que começou às 22h e se estendeu pela madrugada, incluiu a remoção de moradores de rua que ocupavam o espaço. Segundo a prefeitura, eles foram orientados previamente sobre o mutirão e "convidados a sair" enquanto ocorresse a limpeza.

"Condenar [o morador de rua] à rua eterna é que é maltratar. Abrigá-lo não é maltratar", afirmou Greca.

A presidente da FAS (Fundação de Ação Social) de Curitiba, Larissa Tissot, acompanhou a ação e disse que a intenção da prefeitura foi proteger os moradores de eventuais violações durante a limpeza, acolher aqueles que assim o desejarem nos abrigos e, aos poucos, resgatar a sua cidadania por meio de políticas de inclusão.

Tissot nega que haja uma política de retirada da população de rua em Curitiba, e diz que a limpeza do calçadão não tem qualquer relação com as políticas de assistência social do município.

Ela defende, porém, uma "ressignificação" e uma "reconstrução de vínculos" com essa população.

"A rua não foi feita para ser um espaço de moradia. É um espaço transitório, e nós precisamos trabalhar com essa perspectiva e permitir a essas pessoas que atinjam outros níveis de cidadania."

Para ela, "é direito do morador ficar na rua, mas é dever do Estado promover uma política pública adequada".

Além da motovarredeira, 30 garis e dez regadores participaram da ação.