SALVADOR NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Schiaparelli subiu no telhado. Ao mostrarem os resultados da dupla manobra feita nesta quarta-feira (19), os cientistas da ESA (Agência Espacial Europeia) estavam entre a alegria de confirmar mais uma espaçonave na órbita de Marte e a agonia de não saber que fim teve o módulo de pouso na superfície.
Os objetivos primários foram atendidos. Após uma queima de 139 minutos de seu motor, o TGO (Trace Gas Orbiter) atingiu a órbita prevista com período de quatro dias em torno do planeta.
Em compensação, a cereja do bolo -o primeiro pouso bem-sucedido de russos e europeus no planeta- pareceu cair do garfo na última hora.
A entrada do módulo Schiaparelli na atmosfera foi captada por radiotelescópios na Índia, ao mesmo tempo em que o Mars Express, outro orbitador europeu em Marte, recebia e gravava sinais.
Tudo pareceu correr bem na fase mais aguda da descida. O veículo foi de 21.000 a 1.700 km/h, freado pelo feroz atrito com a atmosfera.
Só que, pouco antes do contato com o solo (definitivamente antes, diz a ESA), a captação do sinal na Índia foi interrompida. O mesmo ocorreu na Mars Express.
Por algum motivo, que não tende a ser bom, o Schiaparelli parou de transmitir. O rumor "vazando" do centro de controle era que, após a separação do paraquedas, não houve sinal de ativação dos retropropulsores.
Ele chegou lá. Mas inteiro?
"Para saber isso, precisamos de mais informações", disse Paolo Ferri, chefe de operações de missões da ESA, na Alemanha. "É óbvio que o que temos não é um bom sinal, mas recebemos mais de 20 megabytes de dados. Vamos analisá-los."
Os satélites em Marte tentarão fazer contato com o módulo. Suas baterias devem durar entre três e dez dias. No momento, parece que os americanos manterão o monopólio sobre pousos marcianos bem-sucedidos.
O TGO, por sua vez, deve fazer duas órbitas de observação antes de iniciar a aerofrenagem -passagens de raspão pela atmosfera de Marte- para ajustar sua órbita.