SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As forças armadas da Síria e da Rússia suspenderão seus ataques sobre Aleppo, cidade no norte da Síria dominada por facções rebeldes, durante oito horas na quinta-feira (20) para permitir a saída de civis e combatentes, informou nesta segunda (17) o governo russo.
A anunciada pausa humanitária, programada para acontecer entre as 8h e as 16h locais (3h e 11h em Brasília), não corresponde ao cessar-fogo duradouro que o Ocidente vem pressionando a Rússia e seus aliados na Síria a adotar.
Segundo afirmou em Moscou o tenente-coronel Sergei Rudskoy, do Ministério da Defesa russo, a suspensão dos ataques tem como objetivo "principalmente permitir que civis se movam livremente para a evacuação dos doentes e feridos, e também para a retirada de rebeldes."
De acordo com Rudskoy, um cessar-fogo unilateral "não faz sentido" pois abriria espaço para que organizações terroristas dentre os rebeldes "se reagrupem e restabeleçam suas capacidades militares". Ele também disse que o Ocidente faz vista grossa para a matança de civis promovidas por rebeldes em Aleppo.
CERCO
Há meses, tropas leais ao regime sírio realizam um cerco a partes de Aleppo controladas por rebeldes, onde vivem aproximadamente 270 mil pessoas. Com o apoio da Rússia, a aviação síria vem bombardeando a cidade, matando centenas de civis e deixando o cenário urbano em ruínas.
A crise humanitária em Aleppo tem levado governos do Ocidente a pressionar por uma investigação de crimes de guerra contra a Rússia e a Síria.
No final de semana, as chancelarias dos EUA e da Rússia promoveram uma reunião internacional em Lausanne, na Suíça, para tentar negociar um cessar-fogo na Síria. As conversas, porém, não tiveram sucesso.
A guerra civil na Síria teve início em março de 2011, no contexto do levante popular conhecido como Primavera Árabe, e já deixou cerca de 400 mil mortos.