RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O novo secretário da Segurança do Rio, Roberto Sá, tomou posse nesta segunda-feira (17) enfatizando a continuidade com a gestão de seu antecessor, José Mariano Beltrame, que deixou o cargo depois de quase dez anos.
Sá ocupou a subsecretaria Operacional durante toda a gestão do ex-secretário e foi indicado por ele. Em breve pronunciamento à imprensa, o novo secretário disse que vai manter a redução de homicídios como prioridade da política de segurança.
"Vamos nos orientar por princípios que não são novos. Todas as ações irão convergir para a preservação da vida e a redução da letalidade violenta", disse o secretário.
Com a principal marca da gestão de Beltrame, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), em xeque, Sá defendeu o programa e disse que irá mantê-lo, mas afirmou que ele sofrerá "ajustes".
"A UPP é um projeto exitoso. [A partir de agora] terá um olhar mais atento e apurado. São necessidades das UPPs que vamos ver com monitoramento, como realocação de recursos, que independe de dinheiro", disse, em referência indireta à crise financeira que assola o Estado do Rio e afeta a segurança. A dívida da pasta é de cerca de R$1 bilhão.
Um foco de sua gestão será a tentativa de apreensão de armas de grosso calibre e explosivos. A ideia é criar uma estrutura nos moldes da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos, extinta em 2011.
Pretende também estabelecer maior integração entre as polícias Civil e Militar. Para isso, usará Centro Integrado de Comando e Controle como sede de um núcleo de inteligência. O centro foi criado para os megaeventos que a cidade recebeu.
O secretário não informou qual será a composição de sua secretaria. O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, entregou o cargo logo após a saída de Beltrame. Já a Polícia Militar é comandada pelo coronel Édison Duarte.
FORÇA NACIONAL
Sá disse ainda que estabelecerá reuniões periódicas de avaliação dos números da criminalidade, com foco nas UPPs. O secretário enfatizou a importância de uma maior coordenação e integração com o governo federal, desejo representado na cerimônia de posse pela presença do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
Segundo Moraes, o presidente Michel Temer determinou que o governo federal dê apoio à política de segurança do Estado. A Força Nacional e as Forças Armadas estarão no Estado até o final do segundo turno das eleições municipais.
O secretário disse ainda que pretende dar mais espaço para que membros do baixo escalão participem da elaboração de programas e políticas de segurança pública. "O soldado tem muito a contribuir para a política de segurança pública. Não vai só assistir às palestras dos seus chefes."
MOMENTOS-CHAVE DA GESTÃO
Jan.2007 - Assume o cargo de secretário de Segurança
Jun.2007 - Operação no Complexo do Alemão mata 19 supostos traficantes; Estado registra recorde de mortos em confronto
Dez.2008 - Polícia ocupa o morro Dona Marta, na zona sul, onde seria criada meses depois a 1ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora)
Nov.2010 - Após uma série de ataques do tráfico, polícia ocupa o Complexo do Alemão com apoio do Exército
Jul.2013 - Em uma das maiores crises enfrentadas por Beltrame, o pedreiro Amarildo de Souza desaparece após ser detido por policiais da UPP da Rocinha