Uma semana após fuga em massa, 121 detentos não foram recapturados

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 07/10/2016

MARCELO TOLEDO

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Uma semana após a fuga em massa de detentos de um presídio em Jardinópolis (a 329 km de São Paulo), 121 presos ainda estão soltos nas ruas.

A fuga, ocorrida no último dia 29, gerou pânico em moradores do distrito de Jurucê, distante três quilômetros do CPP (Centro de Progressão Penitenciária), que abrigava 1.861 presos no regime semiaberto -para uma capacidade de 1.080.

A SAP (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária) informou nesta quinta-feira (6) terem sido recapturados 349 dos 470 presos que fugiram. O motim não teve reféns ou mortos dentro da prisão, mas dois presos morreram na fuga -um corpo foi encontrado carbonizado num canavial, enquanto o outro detento morreu afogado no rio Pardo, que fica próximo ao CPP.

A fuga em massa ocorreu após os detentos atearem fogo na oficina da marcenaria -as chamas se espalharam para um pavilhão da cadeia. A superlotação e a suspensão de visitas foram os motivos alegados por familiares de detentos para a rebelião que antecedeu a fuga.

Para fugir, os presos derrubaram uma grade de cerca de quatro metros de altura e correram em meio às lavouras de cana-de-açúcar e matas existentes no entorno da prisão. Também fugiram pelo rio.

Segundo a SAP, os trabalhos de buscas seguem sendo feitos pelas polícias Civil e Militar e uma sindicância para investigar as causas do motim foi aberta pela corregedoria da secretaria. Os detentos recapturados foram transferidos para outras prisões de regime fechado e perderam o direito ao benefício do semiaberto.

Apesar da transferência dos detentos, a prisão continua com população carcerária acima da sua capacidade. Nesta quinta-feira (6), abrigava 1.336 presos, um excedente de 256. De acordo com a SAP, o trabalho desenvolvido pelo CPP é "modelo" e contou com o retorno de 97% dos presos após a última saída temporária.

REFÚGIO

Os presos que fugiram podem ter como destino um lugar insólito: suas próprias casas. A afirmação é do advogado criminalista José Carlos Abissamra Filho, diretor do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), ONG que atua na área do direito criminal.

"A unidade prisional superlotada fica muito estressante, é um barril de pólvora. A tendência da grande maior parte dos presos é voltar para casa quando fogem. Por isso que, no geral, a polícia pega muitos deles. Eles buscam um porto seguro", disse.

De acordo com ele, a transferência dos presos para outras unidades carcerárias não resolve o problema do sistema, pois praticamente todas estão superlotadas. "O que precisa é reduzir a prisão preventiva e verificar se não há crimes que já podem ser tratados de forma diferente. Nosso sistema tem 200 anos e não funciona há 200 anos."