Derrotados no Nobel da Paz, Capacetes Brancos já salvaram 62 mil na Síria

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 07/10/2016

DIOGO BERCITO

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Os voluntários da Defesa Civil Síria, também conhecidos como Capacetes Brancos, foram tema de um documentário recente no Netflix. Eles receberam o apoio explícito de grandes veículos como o jornal britânico "The Guardian".

A candidatura ao prêmio Nobel da Paz foi apoiada também por personalidades como o músico americano Justin Timberlake e o diretor espanhol Pedro Almodóvar.

Havia portanto alguma expectativa de que essa equipe de resgate, que trabalha nos escombros da guerra civil síria, recebesse o prêmio nesta sexta-feira (7).

Eles foram derrotados, no entanto, pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, devido às negociações por ora frustradas com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Entusiastas do projeto da Defesa Civil Síria, que afirma já ter salvo 62 mil vidas, expressavam descontentamento durante a manhã nas redes sociais -mas insistiam na importância de doações a esses 3.000 voluntários.

O Nobel da Paz entrega o equivalente a R$ 3 milhões. Em 2015, quatro organizações da sociedade civil tunisiana receberam o prêmio e dividiram o valor entre si.

CAMPANHA

Uma página na internet pedia, durante as últimas semanas, apoio pela candidatura dos Capacetes Brancos ao Nobel. Segundo o site, "desarmados e imparciais", seus membros se arriscam para socorrer vítimas dos ataques aéreos em áreas controladas por rebeldes.

Há estimativas de que quase 500 mil pessoas já morreram no confronto sírio, iniciado em março de 2011. O ditador Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia, tem recentemente avançado em áreas como a cidade de Aleppo, outrora um de seus principais centros urbanos.

Os Capacetes Brancos extraíram seu lema de um trecho do Alcorão, o livro sagrado do islã, que diz que salvar uma vida equivale a salvar toda a humanidade.

A candidatura desses voluntários de resgate não era, no entanto, unânime. O regime de Assad, por exemplo, acusa a organização de ter um viés favorável aos rebeldes durante o conflito civil.

Financiados por doações internacionais, eles são também acusados de representar interesses externos no confronto, o que rejeitam.

Em sua conta oficial no Twitter, os voluntários parabenizaram o presidente colombiano e, minutos depois, noticiaram um ataque aéreo a um de seus centros na cidade síria de Hama. Escreveram: "De volta ao trabalho."