Um dia depois, autoria de ataque a monumentos ainda é desconhecida

Autor: Da Redação,
sábado, 01/10/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A autoria das pichações ao Monumento às Bandeiras e à estátua do Borba Gato, obras de arte na zona sul de São Paulo, permanece desconhecida. Os monumentos amanheceram pichados de rosa, amarelo e azul na sexta (30).

A Secretaria de Segurança Pública não comenta o andamento das investigações, só afirma que os autores não foram identificados. A Prefeitura de São Paulo tampouco aponta autores e se diz surpreendida.

O Monumento às Bandeiras já foi alvo de vandalismo no passado. Em 2013, manifestantes indígenas da Comissão Guarani Yvyrupa jogaram tinta vermelha e escreveram "bandeirantes assassinos" com tinta branca, em protesto contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 215, que transfere aos parlamentares decisões sobre a demarcação de terras.

Ainda na sexta, a Comissão Guarani Yvyrupa, organização de cunho político que reúne os índios guarani do Sul e Sudeste em movimentos por terra, postou em sua página no Facebook uma reportagem da revista "Fórum", da época da manifestação indígena.

O texto da revista tem uma carta do coordenador do grupo, Marcos Tupã, negando que o protesto de 2013 se tratasse de vandalismo. Na carta, Tupã afirma que o monumento "homenageia aqueles que nos massacraram no passado".

Procurado pela reportagem neste sábado (1º), Tupã diz que não estava sabendo dos ataques às estátuas de bandeirantes feitos na madrugada de sexta e nega o envolvimento do grupo.

O padrão também é diferente. Em 2013, os índios utilizaram tinta vermelha para cobrir o monumento e branca para escrever. Nas pichações de sexta, foram utilizadas tintas vermelha/rosa, amarela e azul/verde, com a utilização de um compressor de ar no monumento do Ibirapuera e de ovos no de Santo Amaro para a pintura.

No dia anterior à intervenção, os candidatos à prefeitura João Doria (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB) haviam criticado as pichações na cidade em debate na TV Globo.

O prefeito Fernando Haddad (PT), chegou a dizer ainda na sexta que os ataques poderiam ser fruto de um clima criado no último debate entre os candidatos à prefeitura.

"Acho que tem a ver com o tipo de provocação que foi feita no debate de ontem (29). Quando você instiga as pessoas, desafia as pessoas, como Doria e a Marta fizeram, dizendo que 'não vai acontecer nunca mais'. Não é assim que se fala com as pessoas, se dialoga", disse.

Questionado se o vandalismo pode ter sido uma consequência desse clima, Haddad disse que sim. "Instigaram confronto."

Na tarde de sexta, Doria afirmou, em nota, que lamenta a depredação praticada por "vândalos que não toleram a ideia de uma cidade mais humana, limpa, organizada e feliz". Ele também gravou um vídeo em frente Monumento às Bandeiras. "Estou aqui para dizer para você, que é pichador, que é vândalo, isso vai acabar (...) Cada um faz o que quiser aqui em São Paulo. Comigo não. É autoridade. Isso é destruição", afirmou.