'Trump é um coitado', diz delegada brasileira na convenção democrata

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 27/07/2016

MARCELO NINIO, ENVIADO ESPECIAL

FILADÉLFIA, EUA (FOLHAPRESS) - O Brasil tem uma representante entre os 4.764 delegados democratas na convenção do partido na Filadélfia, que celebra a confirmação de Hillary Clinton como sua candidata à Presidência dos EUA.

Nascida em São Félix de Minas (MG), Isabel Santos vive desde 1987 no país, onde se tornou ativa em projetos de integração de imigrantes brasileiros.

Sua missão atual: mobilizar os conterrâneos que vivem legalmente nos EUA a fazer o registro de voto para aumentar o apoio a Hillary nas eleições presidenciais de novembro. Acima de tudo: ajudar a evitar uma vitória de seu adversário republicano, Donald Trump.

Segundo ela, o registro de brasileiros para votar teve aumento de 60% em relação à última eleição presidencial, em grande parte motivado pela rejeição a Trump.

A promessa do bilionário de apertar o cerco aos imigrantes ilegais serviu de combustível para o aumento, que também ocorreu em outras comunidades de estrangeiros.

"Trump é um coitado. Ele acha que pode ganhar a eleição por ser rico", diz Isabel, vestindo uma camisa com os dizeres "Brazilian American" (brasileira americana) em letras brilhantes. "Não acredito que ele realmente queira viver na Casa Branca. É um egoísta, só quer mais fama".

Casada com um americano, ela tornou-se cidadã dos EUA em 2000, quando votou no então candidato democrata à Presidência, Al Gore (que foi derrotado por George W. Bush), e se tornou membro do partido. Viveu 20 anos em Massachusetts antes de se mudar para a Flórida, dois Estados com grande concentração de brasileiros.

Sua ação como líder da comunidade começou quase por acaso, quando desenvolveu um programa para ensino de português em escolas e foi solicitada a ajudar na adaptação de crianças brasileiras.

Hoje ela se esforça para convencer os brasileiros em situação legal a obter a cidadania e o registro de voto. "Há brasileiros que estão aqui há 20 anos e não têm o registro", diz.

Isabel tem circulado pela convenção com uma faixa de apoio a Hillary com o slogan da campanha em português: "Unidos seremos fortes".

Em 2008, ela votou em Barack Obama para presidente, quando Hillary foi derrotada por ele nas prévias democratas. Isabel diz que, naquela época, já tinha a sensação de que não era o fim da linha para a ambição presidencial de Hillary.

"Eu sabia que ela seria a próxima", afirma.