Cadastro mal feito altera causa de mortes no trânsito de São Paulo

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 05/08/2010
Imagem Ilustrativa

O preenchimento mal feito das declarações de óbito distorce as estatísticas da violência no trânsito de São Paulo. A constatação faz parte de pesquisa divulgada recentemente pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) que mostra que 27,5% das mortes no trânsito em 2007 foram registradas no IML (Instituto Médico Legal) como “outros tipos” – uma categoria genérica que não especifica se a vítima era um pedestre, motorista ou passageiro. No total, ocorreram 2.079 mortes naquele ano incluídas nessa classificação.

Os dados são os mais recentes referentes a acidentes no trânsito no Estado segundo a médica especialista em Saúde Pública Vilma Pinheiro Gawryszewki, coordenadora da pesquisa e representante da Secretaria Estadual de Saúde no Conselho Estadual para Diminuição de Acidentes de Trânsito e Transportes.

Vilma afirma que a categoria "outros tipos" é a segunda mais comum entre os registros de mortes no trânsito, de acordo com dados coletados no SIM (Sistema de Informações em Mortalidade). Perde apenas para os 2.197 registros de mortes de pedestres, que foram 29,1% do total, e chega a superar o número de motociclistas mortos. No total, 7.550 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Estado em 2007.

A médica atribui o mal registro ao desconhecimento da importância do dado, que é utilizado para direcionar políticas públicas para o setor.

– O corpo vai para o IML e o preenchimento [do registro de óbito] é feito por um auxiliar administrativo que não tem ideia que esse registro vai subsidiar ações de prevenção.

A solução para o problema, segundo a especialista, é capacitar os responsáveis por coletar os dados. Vilma ainda afirma que o Estado de São Paulo tem recursos para melhorar a qualidade do preenchimento das informações.

Cícero Liberal Yagi, economista e membro do grupo de trabalho de mobilidade da ONG Movimento Nossa São Paulo, concorda com Vilma. Para ele, os gestores públicos só conseguem tomar decisões corretas quando recebem informações precisas dos problemas dos cidadãos. Os governos podem chegar a desperdiçar dinheiro público com atitudes baseadas em dados incorretos ou parciais, opina Yagi. O economista afirma ainda que a falta de informações é um problema que extrapola as questões de trânsito, e está presente nas principais esferas de governo.

– É um problema crucial nas políticas públicas do Brasil.