Pesquisa clínica ligada à zika avança com dificuldades

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 29/02/2016

GABRIEL ALVES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A pesquisa clínica ligada à zika também passa por apuros, mas ainda assim tem avançado. No início do mês, o oftalmologista Bruno Freitas, do Hospital Geral Roberto Santos, de Salvador (BA), viu um artigo liderado por ele ser publicado na prestigiosa revista científica "Jama Ophthalmology", da Associação Médica Americana.
Ao analisar 29 casos de microcefalia presumidamente associados à zika, Freitas e colegas viram que dez dos bebês também apresentavam alterações oculares que podem implicar em perda parcial ou total da visão.
O "presumidamente" é usado aqui por causa da ausência de testes diagnósticos adequados para uma fase posterior à infecção aguda, que dura poucos dias. As lesões oculares encontradas são inusuais e têm poucos paralelos na medicina, de acordo com os especialistas.
A história não relatada nas páginas do artigo é a jornada para fotografar a retina dos bebês e a falta de instrumentos que poderiam ser usados para obter mais dados no meio dessa crise. O aparelho para esse fim foi emprestado por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) para os de Salvador. O preço do equipamento está na casa dos US$ 70 mil (R$ 280 mil).
Os 29 bebês foram examinados em um único dia e o aparelho foi devolvido. "Infelizmente não temos uma estrutura que ajude. Já pedimos um RetCam [nome do equipamento] para o governador. Com a burocracia, os pacientes chegam, vão embora e a gente acaba perdendo [a chance de examiná-los]", afirma Freitas.