França vê como 'estranha' decisão da Bélgica de fechar fronteira com o país

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 25/02/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, classificou nesta quinta-feira (25) de "estranha" a decisão da Bélgica de restabelecer os controles em suas fronteiras com a França como forma de enfrentar os deslocamentos de migrantes procedentes da chamada "selva" de Calais.
"Esta decisão é estranha para nós, e suas motivações também são", declarou Cazeneuve a jornalistas ao chegar a uma reunião com seus colegas europeus em Bruxelas (Bélgica), que seria dedicada em grande parte à crise migratória.
A Bélgica anunciou na terça-feira (23) que restabelecerá temporariamente os controles na fronteira com a França para enfrentar uma possível onda de chegadas de refugiados procedentes do acampamento da cidade de Calais, na costa do canal da Mancha, onde acredita-se haja 3.700 migrantes.
"Não fomos avisados", lamentou nesta quinta-feira o ministro francês.
DESALOJADOS
A França anunciou que desalojará parte do acampamento de Calais, onde os migrantes, em sua maioria originários do leste da África, do Oriente Médio e do Afeganistão, aguardam em condições muito precárias para tentar cruzar par o Reino Unido.
Um tribunal administrativo francês admitiu um recurso apresentado na terça por um grupo de migrantes e associações, o que fez adiar o desalojamento da "selva".
O endurecimento dos controles no Canal da Mancha fez com que a rota dos migrantes fosse desviada para o porto belga de Zeebrugge.
ONDE FICAM CALAIS E ZEEBRUGGE
"Queremos evitar a qualquer custo acampamentos como o de Calais na Bélgica. Trata-se de manter a ordem", já declarara na terça-feira o ministro do Interior da Bélgica, Jan Jambon.
Cazeneuve classificou o desalojamento do campo de Calais como uma "operação humanitária" para proteger "os que têm o status de solicitantes de asilo na França".
Supor que isso pode causar um "fluxo de migrantes em direção à fronteira belga não corresponde à realidade", acrescentou o ministro francês, descartando qualquer ligação dessa medida com a decisão de seu governo de restabelecer os controles na fronteira belga após os atentados de 13 de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos.