Servidores ameaçam greve no Recife, epicentro dos casos de microcefalia

Autor: Da Redação,
terça-feira, 23/02/2016

KLEBER NUNES
RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Em meio a uma tríplice epidemia de dengue, zika e chikungunya, os servidores municipais do Recife, incluindo os da saúde, decretaram greve nesta terça (23). Os trabalhadores devem paralisar as atividades a partir da 0h da próxima segunda-feira (29), o que pode comprometer o funcionamento de hospitais, postos e policlínicas.
Desde novembro do ano passado, o Recife está em estado de emergência devido às doenças que são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. De acordo com o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde, até o último dia 13, a capital registrou 1.195 casos de dengue, 908 de chikungunya e 617 de zika.
Recife também é a cidade pernambucana com mais notificações de microcefalia - má formação do perímetro cefálico que compromete o desenvolvimento infantil. Já são 279 casos notificados da anomalia, supostamente causados pelo vírus da zika.
Por causa do cenário crítico, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, visitará a capital pernambucana nesta quarta-feira (24).
"Por enquanto a paralisação deve afetar os setores administrativos das unidades, como a marcação de consultas e o funcionamento das farmácias. Mas vamos respeitar a lei e manter 30% do efetivo", afirmou o presidente do Sindsepre (Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Municipais da Administração Direta e Indireta do Recife), e vereador Osmar Ricardo (PT).
A entidade que representa cerca de 18 mil servidores de 18 secretarias e quatro empresas municipais reivindica um reajuste salarial de 10,67%, aumento do ticket alimentação de R$ 14 para R$ 18 e a implantação dos planos de cargos e carreiras.
De acordo com o secretário de Administração e Gestão de Pessoas do Recife, Marconi Muzzio, a prefeitura ainda não foi notificada, mas ele recebeu a notícia com surpresa. Muzzio disse que nesta segunda-feira (22) apresentou a proposta de reajuste de 7,5% dos salários condicionado ao aumento na RLR (Receita Líquida Real) do município.
Bimestralmente, a partir de janeiro, a prefeitura divulgará o número de crescimento da RLR e de acordo com o índice, os servidores já poderão garantir o reajuste. O aumento será dado de acordo com o apurado dos 12 meses, considerando o último mês do bimestre.
Caso o patamar de crescimento atinja índice suficiente, o percentual acordado será concedido retroativo ao primeiro mês do bimestre analisado.
"Em meio à negociação fomos surpreendidos por esse anúncio de greve, ao meu ver sem cabimento, pois estamos com os canais de diálogo abertos", afirmou Muzzio. O secretário espera que "os servidores, sobretudo os da saúde, tenham sensibilidade e não paralisem as atividades".
"Ainda não dá para avaliar se haverá um prejuízo direto para a população. Vamos cumprir o acordo e voltar a nos reunir na próxima segunda-feira (29), até lá vou me reunir com os outros secretários", disse Muzzio.