Oposição e Cunha articulam convocação do ministro da Saúde

Autor: Da Redação,
terça-feira, 16/02/2016

RANIER BRAGON E DÉBORA ÁLVARES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com o apoio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os partidos de oposição vão apresentar nesta terça-feira (16) em plenário requerimento de convocação do ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), para que ele dê explicações sobre a epidemia do vírus da zika.
A ação tem o objetivo de constranger o ministro, que, com o aval de Dilma Rousseff, pode deixar o cargo nesta quarta (17) para reassumir o cargo de deputado federal e votar na eleição do líder da bancada do PMDB.
"Esse é o resultado de a Dilma ter entregue o ministério da Saúde para um partido. E agora liberar o ministro, em meio a toda essa crise na saúde, para tratar de um projeto menor", afirmou o líder da bancada do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), após reunião com DEM, PPS e Solidariedade.
"Vamos ver o que ele tem a dizer ao plenário da Câmara. Em meio a essa crise, ele deixa o cargo para vir votar em disputa de liderança de partido?", questionou o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), segundo quem o requerimento foi combinado com Cunha.
Castro pode reassumir o mandato para votar em Leonardo Picciani (RJ), o candidato do Planalto a líder do PMDB, que trava uma acirrada disputa com Hugo Motta (PB), candidato de Eduardo Cunha.
A disputa tem importância que ultrapassa as fronteiras partidárias. Uma vitória de Motta -e, consequentemente, de Cunha-, tende a reforçar o movimento favorável ao impeachment de Dilma Rousseff.
PROJETOS
A oposição também alinhavou um discurso unificado contra projetos que resultem em aumento de impostos, como o da recriação da CPMF. Mas disse que discutirá caso a caso os temas que entrarem em votação, sinalizando que pontualmente pode haver convergência entre governo e oposição.
"Seu aumento de imposto, sem CPMF, qualquer proposta que venha do governo e não seja mera peça de marketing, e que tenha apoio do PT e da base, iremos analisar", afirmou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
No encontro, realizado na Liderança do DEM na Câmara, não foi discutida a situação de Cunha.
Para impulsionar o impeachment, a oposição mantém o diálogo de bastidor com o peemedebista, embora publicamente defenda seu afastamento do cargo devido à acusação de que ele participou do esquema de corrupção da Petrobras.