Siamesa morre um mês após cirurgia de separação em Goiás

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 15/02/2016

DANIELE BELMIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A gêmea siamesa Júlia Neves morreu na sexta-feira (12), em Goiânia, um mês após passar por uma cirurgia de separação da irmã, Fernanda.
A morte foi decorrência de um quadro de insuficiência cardíaca com hipertensão pulmonar, segundo o médico Zacharias Calil. O problema no coração estava relacionado à própria condição da paciente, que não apresentou complicações após a cirurgia, segundo Calil.
Unidas pelo tórax e o abdome, as irmãs compartilhavam o fígado e o pericárdio, membrana que envolve o coração, e passaram pela cirurgia de separação no dia 13 de janeiro, aos cinco meses de idade.
O cirurgião explicou que os organismos dos siameses estão interligados e funcionam com uma "divisão de tarefas". Após a separação, "cada um tem que se virar sozinho", o que provocou o quadro instável de Júlia. "Tínhamos esperança de que o quadro fosse revertido, mas infelizmente ela não suportou", disse Calil.
A família é de Itamaraju, no interior da Bahia, e se mudou para Goiânia para fazer a cirurgia no Hospital Materno Infantil. O pai das meninas levou o corpo de Júlia para ser enterrado na cidade natal.
Fernanda se recuperou bem da cirurgia e teve alta na manhã desta segunda-feira (15). A mãe e o bebê ficarão mais três semanas na casa de apoio do hospital.
"Conversei com a mãe e disse que ela não deve ficar chateada, pensando como seria se tivesse decidido não fazer a separação. Expliquei que, se as gêmeas permanecessem unidas, é provável que as duas viessem a falecer", disse Calil.
A idade ideal para a cirurgia é em torno de um ano de idade. No caso de Júlia e Fernanda, não foi possível aguardar, porque Júlia começou a perder peso.
A taxa de incidência de gêmeos siameses é em torno de uma para cada 100 mil gestações, segundo o cirurgião, o que pode ser considerado muito raro.