Contra zika, governo quer distribuir repelente a grávidas do Bolsa Família

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 25/01/2016

FLÁVIA FOREQUE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Para combater a epidemia de zika no país - e o aumento de casos de microcefalia, associados ao vírus - o governo federal quer distribuir repelentes para gestantes do Bolsa Família. Essa é uma das medidas discutidas nesta segunda-feira (25) em reunião de mais de duas horas da presidente Dilma Rousseff com diversos ministros da Esplanada.
Em dezembro, o ministro já havia anunciado a intenção de distribuir repelentes para gestantes do país. O produto seria fabricado pelo Exército brasileiro, que divulgou nota afirmando não haver "previsão de fabricação ou distribuição de repelentes para o SUS".
Agora, a intenção é recorrer aos fabricantes. "Vamos ter um encontro com os fabricantes de repelentes para ver exatamente a quantidade que eles podem nos fornecer. E vamos adquirir esses repelentes e distribuir para aquelas gestantes que façam parte do cadastro", disse o ministro Marcelo Castro (Saúde) ao final do encontro. Segundo ele, cerca de 400 mil gestantes fazem parte do programa atualmente.
O titular da pasta afirmou que Dilma está "muito preocupada" com a evolução dos casos de microcefalia no país e que na próxima sexta-feira a presidente fará uma videoconferência, a partir da sala nacional de coordenação e controle, com os governadores do país para discutir o assunto. "Não vamos economizar nada. Tudo que for necessário nós iremos fazer." A reunião de hoje teve participação de seis ministros &- entre eles, os titulares da Educação, Aloizio Mercadante e Tereza Campello (Desenvolvimento Social).
O governo pretende ainda fazer um grande dia de mobilização nacional, agendado para 13 de fevereiro. A intenção é levar 220 mil homens das Forças Armadas para as ruas de todo o país, para distribuir panfletos e alertar sobre as ações de combate ao mosquito. Ele citou medidas bem-sucedidas já adotadas no país, citando como exemplo iniciativa de Goiás de monitoramento do combate ao mosquito Aedes aegypti em todas as cidades do Estado.
"Hoje nossos técnicos foram para Goiânia para aprender a manusear esse equipamento [de monitoramento], trazer para cá e a gente distribuir para todos Estados. A gente vai poder ter um controle exato, município por município, quarteirão por quarteirão, rua por rua, das ações que estão sendo feitas."
"MEIAS PALAVRAS"
O ministro da Saúde negou que, durante o encontro, tenha sido repreendido pela presidente Dilma diante de recentes declarações sobre o tema. Na última sexta-feira (22), ele afirmou em agenda no Piauí que o Brasil está perdendo a batalha contra o mosquito aedes aegypti.
"A situação é grave, a situação é gravíssima. E nossa obrigação como agente público é de passar para a população, sem meias palavras, o que está acontecendo no país", argumentou.
Questionado novamente sobre a fala, Castro afirmou: "Temos 30 anos de convivência com o Aedes aegypti aqui no Brasil. Disse e vou repetir: Sem querer culpar ninguém, acho que houve certa contemporização com o mosquito, mas agora a situação é completamente diferente. Além da dengue, o mosquito está transmitindo chikungunya e a zika".