Manifestante ferido em ato do MPL deve se encontrar com secretário

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 15/01/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma semana após ser ferido na manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo, o estudante Gustavo Mascarenhas Camargos Silva, 19, deve se encontrar com o secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes, na próxima terça-feira (18).
A informação é da mãe do estudante, Ana Amélia Camargos, jurista e professora da PUC, que também deve participar do encontro. A secretaria da Segurança, no entanto, não confirma a agenda de Moraes para a próxima semana.
Gustavo foi ferido durante manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público na terça-feira (11). Ele teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba atirada pela Polícia Militar e precisou ser internado no Hospital Albert Einstein, onde passou por uma cirurgia de implante ósseo.
O estudante, recém-admitido na faculdade de arquitetura, corria o risco de perder o dedo. Após ser operado, no entanto, os médicos descartaram essa possibilidade.
O jovem estava acompanhado de cinco amigos da escola e conta que estava na praça do Ciclista quando percebeu um artefato caindo ao seu lado antes da explosão. "Estava longe do local em que a PM conversava com os manifestantes e de repente vi a explosão. Fiquei zonzo e quando vi meu dedo me surpreendi", afirma.
Ferido, Gustavo correu em direção à avenida Paulista "desorientado" em meio a fumaça das bombas de efeito moral. Ele ainda parou sob a marquise de um prédio onde foi socorrido por uma mulher que amarrou um pano em seu dedo.
A mãe do estudante diz que pretende processar o Estado.
PROTESTO DESTA QUINTA
Depois da tensão provocada pelo endurecimento dos discursos da polícia e do MPL (Movimento Passe Livre), a terceira manifestação expressiva contra o reajuste nas tarifas do transportes, para R$ 3,80, foi menos turbulenta nesta quinta-feira (14). O movimento já anunciou uma nova manifestação na terça-feira (19), na esquina das avenidas Rebouças e Faria Lima.
Após a cobrança do governo estadual, manifestantes aceitaram divulgar o trajeto das duas passeatas, e não houve repressão policial. Os grupos partiram nesta quinta do Theatro Municipal (centro) e do largo da Batata (zona oeste).
O protesto que seguiu pelo centro foi encerrado sem confusões até a chegada no Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Paulista, região central da cidade. O outro também, até a chegada no Butantã. No fim do ato, "black blocs" (que prega destruição de patrimônio público e privado) vandalizaram a estação de metrô Consolação.
Tanto os organizadores quanto a Polícia Militar recuaram de posições mais extremas que marcaram protestos anteriores, permitindo que a passeata ocorresse em dois pontos da cidade, por quatro horas, sem confronto.
Pela manhã, representantes do Passe Livre se negaram a participar de reunião com a Promotoria e a Secretaria da Segurança Pública, mas, duas horas e meia antes dos atos marcados para as 17h, cederam e aceitaram, pela primeira vez, revelar os trajetos que iriam percorrer.
Essa era uma das principais cobranças do governo estadual, com base no artigo 5º da Constituição, que determina aviso prévio às autoridades sobre os protestos.
A PM, por sua vez, também desistiu de encurralar os manifestantes e liberou a passagem, sem repetir a repressão adotada no ato de terça (12) - quando, após impasse sobre a rota a ser seguida, foram lançadas bombas antes mesmo de haver confronto.